sábado, 4 de agosto de 2012

A nossa velha nostalgia


Por que temos essa mania de glorificar o passado? De pintar como mais alegres momentos pretéritos do que realmente foram?

Hoje acordei muito nostálgico. Lembrando de várias fases da minha vida.

É comum dizerem que os nostálgicos não estão satisfeitos com o seu presente. No meu caso, isso sempre foi mentira. Por mais feliz que eu esteja, é raro eu não olhar para trás e pensar “ah, naquele tempo eu era muito mais feliz”.

Excetuando-se períodos negros que todos passam em suas vidas, os demais sempre parecem mais coloridos do que foram mesmo. Percebo isso toda vez que paro para analisar com frieza certas “épocas de ouro” da minha vida. Não eram, nunca foram. A propósito, eu acho que essa é uma das mensagens que o Meia-Noite em Paris, do Woody Allen, nos passa: não existem épocas de ouro. E achar que existe decorre dessa característica de exaltar o passado.

Certa vez li que existe uma explicação científica para esse fenômeno: o cérebro humano lembra com mais facilidade e mais freqüência dos bons momentos. Deve ser em nome da nossa sobrevivência. Já pensou se as fases difíceis fossem as que voltassem a todo momento ao nosso imaginário? Seria desastroso.

Existem os gatilhos que disparam esse saudosismo: uma música, um filme, um livro, um comercial de TV. Ou, em casos mais raros, ver/conversar com alguém do passado, pessoas com quem havíamos perdido o contato há muito.

Outra coisa interessante que observo é que esses momentos costumam ocorrer em datas repetidas. E nem estou me referindo ao fato de que não gosto de natal ou do meu aniversário. Atualmente, por exemplo, tenho ficado triste/pensativo/nostálgico nos sábados à tarde. Invariavelmente. Durante muito tempo, o vilão foi o domingo à tarde. E neste exato momento me ocorreu a explicação: cada dia tem um significado para gente.

O domingo é o dia associado à família e à contemplação da vida, para mim. No tempo em que eu morava sozinho e tinha uma rotina muito corrida, o domingo “não cumpria a sua função”. Eu estava longe dos meus pais e vivia assoberbado de afazeres; logo, não tinha família para curtir, tampouco momentos de ócio criativo (que me são essenciais).

O sábado é o dia que eu associo ao lazer, aos amigos. Como hoje moro numa cidade estranha (eu nasci e cresci nela, mas me é estranha, sempre foi) e estou longe dos meus amigos, bate esse banzo.


  • É, esse texto ta meio sem pé nem cabeça, mas valeu o desabafo.