quinta-feira, 21 de julho de 2011

Aguardem os próximos capítulos.

     Peço aos milhões de leitores (a) deste bróguinho que tenham paciência, em breve voltarei a postar. Estou numa nova fase de minha vida, minha rotina mudou completamente e ainda não encontrei um tempo para voltar a publicar aqui. Textos não faltam, tenho muita coisa escrita em cadernos, é só o tempo de me situar novamente. Hasta la vista, baby!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Mestrado e Doutorado pra que?

Leio que está tramitando no Senado projeto de lei que permitiria às universidades privadas não contar com nenhum mestre ou doutor em seus quadros de professores. Tal excrescência é de autoria do senador Álvaro Dias, do PSDB.

Argumenta-se que mestres e doutores estão em falta no mercado, além da alegação de que pessoas com tais títulos não seriam lá grandes professores, já que possuem "apenas" conhecimentos teóricos, isto é, não têm prática.

Nem dá vontade de responder! Em primeiro lugar, é a velha ladainha do "o importante é ter prática", como se teoria fosse desnecessário e perda de tempo. Acho que essas pessoas pensam que não é necessário, por exemplo, cursar medicina, basta acompanhar o dia a dia de um médico, de um hospital. Em suma: ter prática.

Por mais que de um curso para outro o enfoque na prática seja diferente, entendo que a academia não é o lugar para se ensinar (?) a prática. Estágios existem para isso, para colocar em prática as teorias inúteis da universidade.

E também é conversa fiada essa história de que esses profissionais estão em falta. O que acontece é que alguém que tanto lutou para conseguir o título de doutor não aceita ganhar as bagatelas que muitas faculdades particulares têm o descaramento de oferecer como remuneração.

O ponto é este: os donos de faculdade vêem a educação como apenas mais um negócio. O importante é ter lucros exorbitantes. E, como sabemos, uma das formas de sua empresa dar mais lucro é pagando pouco para seus funcionários. É como disse um amigo meu que dá aula numa faculdade particular: "eles preferem os especialistas aos mestres, pois estes são muito caros".

O que me tranquiliza é que este projeto de lei precisa ser votado no Senado, depois na Câmara e ainda ser aprovado pela presidente. Creio que não passa. Mas se passar, vou-me embora para Pasárgada.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Um blog de primeira!

     Esses dias o Vinícius me indicou um blog excelente, o Classe Média Way of Life.

     O autor me conquistou tanto pelo conteúdo dos textos quanto pela forma que os escreve. Ele é muito irônico e engraçado, mesmo falando de um assunto sério, qualidade que prezo.

     O blog, em suma, é uma crítica ao modo de viver da classe média. Os posts são escritos em formas de 'dicas', algo assim: dica 1 - ter tv a cabo e assistir Faustão; dica 2 - dizer que não há racismo no Brasil; dica 3 - ler a Veja; dica 4: fazer um baile de formatura etc etc etc.

     Tudo o que li ali me fez refletir muito, até porque também sou/fui (é difícil dizer) classe média. Certamente algo que o autor escreveu se encaixará em você também.

     Transcrevo alguns trechos a seguir:

     "Para o médio-classista, é muito difícil arrumar um tempo pra ler. A vida atribulada, os negócios, a ralação diária para garantir as contas pagas (graças a Deus), os filhos, a faculdade, nada disso deixa tempo para uma boa leitura. Mas isso tem que ser feito, afinal, a superioridade intelectual é inerente à Classe, e não há como declamar nas seções de cartas da revista semanal sobre a falta de instrução do povão se você não ler seus dois livros anuais". 

      "Existe uma ocasião na vida do médio-classista em que ele vira artista por um dia. Desfila no tapete vermelho, sobe no palco iluminado a laser, aparece no telão, solta a voz no microfone, recebe aplausos... Não é exatamente o Oscar, mas é quase: é a formatura. Você que deseja se enturmar e fazer parte da graduada Classe Média, deve aprender que não basta ter curso superior. Um curso superior, por si só, não vale lá muita coisa. Tem que fazer uma formatura digna de superprodução de Roliúde".

     "O médio-classista encara o trânsito como se fosse uma grande batalha em defesa do seu direito individual prioritário de ir e vir, o que significa que cada indivíduo da Classe, no trânsito, tem prioridade um sobre o outro e vice-versa (numa estranha equação ainda não resolvida pela matemática). E todos têm prioridade sobre os pedestres (este ponto já é bem mais fácil de entender)". 

     "Para demonstrar a seus estimados colegas da Classe o quanto você faz por merecer a aceitação no grupo, discuta, sempre que surgir o tema, sobre como os negros simplesmente não querem estar na mesma posição dos brancos (lembre-se de representar uma "indignação analítica contida" quando disser isto). Você causará suspiros de admiração, será ouvido e respeitado por seus pares. Argumente que, se você conseguiu chegar onde chegou, qualquer negro também conseguiria, pois este é um país onde o mérito funciona e é a base de tudo. Diga que você acha estranho, mas talvez, por uma questão de gosto pessoal, eles prefiram jogar capoeira a ir para a Universidade (novamente contenha a indignação de palestrante culto). E dê o veredito: se os negros estão reclamando, botando a culpa nos brancos, querendo cotas, se organizando em grupos culturais, movimentos de ações afirmativas e bandas de música black, eles é que são racistas! (neste ponto, você fica autorizado pela audiência a ignorar a autocontradição)".