terça-feira, 12 de julho de 2011

Mestrado e Doutorado pra que?

Leio que está tramitando no Senado projeto de lei que permitiria às universidades privadas não contar com nenhum mestre ou doutor em seus quadros de professores. Tal excrescência é de autoria do senador Álvaro Dias, do PSDB.

Argumenta-se que mestres e doutores estão em falta no mercado, além da alegação de que pessoas com tais títulos não seriam lá grandes professores, já que possuem "apenas" conhecimentos teóricos, isto é, não têm prática.

Nem dá vontade de responder! Em primeiro lugar, é a velha ladainha do "o importante é ter prática", como se teoria fosse desnecessário e perda de tempo. Acho que essas pessoas pensam que não é necessário, por exemplo, cursar medicina, basta acompanhar o dia a dia de um médico, de um hospital. Em suma: ter prática.

Por mais que de um curso para outro o enfoque na prática seja diferente, entendo que a academia não é o lugar para se ensinar (?) a prática. Estágios existem para isso, para colocar em prática as teorias inúteis da universidade.

E também é conversa fiada essa história de que esses profissionais estão em falta. O que acontece é que alguém que tanto lutou para conseguir o título de doutor não aceita ganhar as bagatelas que muitas faculdades particulares têm o descaramento de oferecer como remuneração.

O ponto é este: os donos de faculdade vêem a educação como apenas mais um negócio. O importante é ter lucros exorbitantes. E, como sabemos, uma das formas de sua empresa dar mais lucro é pagando pouco para seus funcionários. É como disse um amigo meu que dá aula numa faculdade particular: "eles preferem os especialistas aos mestres, pois estes são muito caros".

O que me tranquiliza é que este projeto de lei precisa ser votado no Senado, depois na Câmara e ainda ser aprovado pela presidente. Creio que não passa. Mas se passar, vou-me embora para Pasárgada.

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