quinta-feira, 21 de março de 2013

A direita está presa à pauta dos anos 90. Mas o que a esquerda pode nos oferecer?

Retirado de http://www.cartacapital.com.br/politica/a-pauta-das-eleicoes/



Iniciado com um ano e meio de antecedência, o debate sobre as eleições presidenciais de 2014 demonstra o raquitismo político ao qual o eleitor brasileiro se -encontra submetido. Já sabemos de antemão quais devem ser os candidatos a presidente. Ainda é difícil, porém, encontrar pautas de debates que poderiam permitir ao País sintetizar novas soluções para seus problemas.
Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Por enquanto, sabemos apenas que o candidato tucano Aécio Neves está disposto a dar um salto para trás no tempo e recuperar o ideário liberal que alimentou seu partido nos anos 1990, inclusive ao trazer os mesmos nomes de sempre para pensar seu programa de governo. Como se nada tivesse ocorrido no mundo nos últimos 15 anos, como se o modelo liberal não tivesse naufragado desde a crise de 2008, o candidato tucano demonstra que a guinada conservadora do chamado partido “social-democrata” brasileiro é mesmo um horizonte terminal. Alguns partidos social-democratas europeus (como o PS francês, o SPD alemão e os próprios trabalhistas britânicos) procuraram ao menos ensaiar certo distanciamento dos ideais da terceira via, hegemônicos na década que Tony Blair vendia ao mundo sua cool Britania. Mas o caso brasileiro parece, de fato, completamente perdido.
Há de se perguntar, no entanto, o que poderia ser uma pauta da esquerda para as próximas eleições. Se aceitarmos certo esgotamento do modelo socioeconômico e político que vigorou no Brasil na última década sob o nome de “lulismo”, então a boa questão será: como a esquerda pode pensar o pós-lulismo?
Neste cenário, três questões seriam eixos privilegiados de debate. Primeiro, o esgotamento do lulismo implica necessidade de pensar um novo modelo de distribuição de renda e de combate à desigualdade. O modelo lulista, baseado na construção de redes de seguridade social e aumento real do salário mínimo, chega ao fim por não poder combater os processos que produzem, atualmente, a limitação da ascensão social dos setores beneficiados pelas políticas governamentais. Pois se os salários atuais são erodidos em seu poder de compra pelos gastos em saúde e educação, além do alto preço dos serviços e produtos em uma economia, como a brasileira, oligopolizada até a medula, um novo modelo de combate à desigualdade só pode passar pela construção de algo próximo àquilo que um dia se chamou de Estado do Bem-Estar Social, ou seja, um Estado capaz de garantir serviços de educação e saúde gratuitos, universais e de alta qualidade.
Nada disso está na pauta das discussões atuais. Qual partido apresentou, por exemplo, um programa crível à sociedade no qual explica como em, digamos, dez anos não precisaremos mais pagar pela educação privada para nossos filhos? Na verdade, ninguém apresentou porque a ideia exigiria uma proposta de refinanciamento do Estado pelo aumento na tributação daqueles que ganham nababescamente e contribuem pouco. Algo que no Brasil equivale a uma verdadeira revolução armada. Ou seja, um programa que nos anos 1950 e 1960 era visto como simploriamente reformista é revolucionário no Brasil atual.
Segundo ponto: o esgotamento do lulismo significa o aumento exponencial do desencantamento político em razão do modelo de coalização e “governabilidade” praticado desde o início da Nova República. Nesse sentido, ele exige a apresentação de uma pauta abrangente e corajosa de absorção das demandas por democracia direta nos processos de gestão do Estado e transparência ouvida cada vez mais em várias partes do mundo. Esse é um momento privilegiado para a esquerda retomar seu ideário de soberania popular. Ele não se acomoda aos regimes de conselhos consultivos que se tentou ultimamente, mas exige processos efetivo de transferência de poder decisório para instâncias de democracia direta.
Terceiro ponto: ao seguir uma lógica típica norte-americana, o pensamento conservador nacional tenta se recolocar no centro do debate por meio da inflação de pautas de costumes e de cultura. Tal estratégia só pode ser combatida pela aceitação clara de tais pautas de costumes, mas como eixo central de uma política de modernização social. Cabe à esquerda dizer alto e bom som que temas como casamento igualitário, direito ao aborto e políticas de combate à desigualdade racial são pontos inegociáveis a ser implementados com urgência. Dessa forma, fecha-se um círculo no qual uma pauta de modernização socioeconômica, política e social pode guiar nossos debates.

quinta-feira, 14 de março de 2013

A Queda



Diretor: Oliver Hirschbiegel
Elenco: Bruno Ganz, Alexandra Maria Lara, Corinna Harfouch, Ulrich Matthes, Juliane Köhler, Heino Ferch, Christian Berkel, Matthias Habich, Thomas Kretschmann, Michael Mendl, André Hennicke, Ulrich Noethen, Birgit Minichmayr.


     O filme trata dos últimos lances da 2ª Guerra Mundial. Berlim está prestes a ser invadida pelos russos, o exército alemão está se esfarelando e, mesmo assim, Hitler não se dá por vencido. O enredo não revela nada de novo para quem se interessa pela 2ª Guerra, mas ainda assim causa algum espanto ver a rotina no bunker. O fanatismo que o nazismo despertava na maioria das pessoas, a arrogância de Hitler, as crueldades que são potencializadas numa guerra etc. Para quem, como eu, é apaixonado pelo tema, é obra que deve ser vista.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Viver melhor com menos.

     Retirado de http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/atitude/conteudo_486606.shtml?func=2



Imagine como seria conviver mais com a família e os amigos e ainda ter tempo para se dedicar às atividades prediletas. Não, não se trata de férias, mas de uma nova rotina. E o que seria preciso para colocá-la em prática? Mudança de foco: deixar de pautar as escolhas pelo poder de compra e priorizar a qualidade de vida. Ou seja, parar de correr atrás do supérfluo e dar mais atenção ao que é realmente necessário. 

A tônica aqui é a simplicidade, a redescoberta de prazeres frugais, como receber os amigos e cozinhar para eles em vez de comprar tudo pronto ou sair para jantar. Difícil? Talvez, mas bastante compensador. 

Para a terapeuta e professora de filosofia da PUC-SP Dulce Critelli, a sociedade atual vive uma intensa mercantilização, já que todos os aspectos se resolvem pelo ato de consumir algo. "A gente não se dá conta, mas o consumo acaba sendo nosso motor de vida. Sem tempo para ficar com os filhos, compramos um brinquedo para eles. Se estamos tristes, vamos ao shopping. O consumo não é ruim, sem ele é impossível viver. O problema é agir em função disso, criando uma dependência dos signos externos", explica. 

Embora gere satisfação imediata, um estilo de vida baseado no poder de compra acaba por se revelar vazio. Foi o que descobriu a publicitária paulistana Suzana Pamponet, 39 anos. Acostumada a um padrão elevado e a uma rotina bastante estressante, ela viveu, ao lado do marido, Reinaldo, uma verdadeira revolução de valores. "Há seis anos, tínhamos dinheiro, sucesso profissional e todas as facilidades que se podem comprar. Gostávamos de viajar, de ir a bons restaurantes, mas não tínhamos tempo para cuidar de nós mesmos nem da família. Uma crise de coluna fez meu marido repensar a carreira. Ele deixou o alto cargo que ocupava em uma empresa e criou a ONG Eletrocooperativa, que forma garotos carentes", conta. Aos poucos, Suzana foi sendo contagiada pela transformação do marido. "Passamos a nos perguntar se tudo o que tínhamos era mesmo necessário. Percebi que eu não precisava de mais um sapato só porque a loja havia lançado um modelo novo." 

Quando estava grávida da segunda filha, Suzana resolveu sair da agência de propaganda em que trabalhava para se juntar ao marido na ONG. "Nossa renda diminuiu, mas os ajustes no orçamento não prejudicam nosso conforto, apenas cortamos o excesso. Vendemos o apartamento no Morumbi (bairro de luxo) e fomos morar perto do escritório, na Vila Madalena (bairro boêmio). Tínhamos dois carros, ficamos somente com um. Hoje, vamos trabalhar a pé e usamos o mesmo veículo para ir ao clube e à academia. Apesar de mais modesta, nossa rotina ganhou em qualidade, pois temos tempo para conviver", afirma. 

Os hábitos de consumo também mudaram. "Antes, não tinha um minuto para ir ao supermercado, comprava pela internet. Hoje, vou pessoalmente para comparar os preços. Levo meus filhos, Tomás, de 5 anos, e Joana, de 2, à feira e é bem divertido. Quero ensinar a eles que o conceito de riqueza vai além do dinheiro, inclui as relações, os amigos e o meio ambiente." 

A busca por um modo de viver mais focado na essência do que na aparência não começou agora. Em plenos anos 1980 - quando o estilo yuppie consumista imperava no mundo -, o ativista americano Duane Elgin lançou o livro Simplicidade Voluntária (Ed. Cultrix). Ele já previa a necessidade de mudar. Cada um de nós sabe em que aspectos nossa vida é desnecessariamente complexa. Simplificar é aliviar nossa carga. É estabelecer um relacionamento mais direto, despretensioso e desimpedido em todos os aspectos", afirma o autor. Diferentemente do que muita gente pode pensar, descomplicar não significa fazer voto de pobreza. "Ninguém é pobre porque quer, mas só é simples quem decide ser. Quando fazemos essa opção de forma consciente e livre, reduzimos a demanda por elementos externos, que só proporcionam uma dose limitada de satisfação", explica o terapeuta Jorge Mello, um dos principais divulgadores da simplicidade voluntária no Brasil. 

DESEJOS AUTÊNTICOS 
Segundo Dulce Critelli, muitas pessoas confundem felicidade com a satisfação gerada pela aquisição de um produto. Daí, acabam descontando sentimentos como o medo, a ansiedade ou a insegurança em compras. Afinal, vende-se tudo no mercado, até segurança e alívio para qualquer dor. Mas o mundo das apólices e dos remédios não trouxe felicidade nem garantiu a diminuição da violência, como sabemos. O erro" não é da indústria, mas da ideia de que a alegria poderia ser fabricada como mercadoria. Não pode. 

Uma pesquisa recente realizada na Universidade de Hertfordshire, na Inglaterra, demonstrou que mulheres na TPM gastam mais em compras compulsivas. Os cientistas afirmam se tratar de um mecanismo de compensação para aliviar as emoções negativas do período. "O consumo exagerado é baseado na saciedade, assim como a fome. O problema é que esse sistema é cíclico e, portanto, inesgotável", diz Dulce. E não custa pensar: nossa menstruação não é problema, é natureza. E é da nossa natureza feminina ser criativa - saberemos achar modos mais sustentáveis de lidar com nossas tensões. Sejam elas hormonais ou não. 

Na opinião da terapeuta, quanto mais segura de suas potencialidades uma pessoa é, menos dependente dos elementos externos ela será. Isso significa que, em períodos de crise, como agora, mesmo que perca o poder de compra e o status, não perderá de vista suas qualidades, seus desejos autênticos e as reais possibilidades de dar a volta por cima. Conquistar essa segurança passa pela revisão de valores. Do que a gente precisa mesmo? Gente bacana por perto, trabalho que faça sentido e em que nosso talento seja valorizado, ar fresco, sol, música, segurança de ser amada e não segurança armada. Simples assim. 

GAIATOS NO NAVIO 
Acontece que o século 20 foi marcado pelo American way of life, que se resumia em trabalhar, ganhar e comprar. O estilo de vida americano ganhou força e espalhou-se por todo o mundo capitalista, ancorado nos apelos da publicidade. Em um planeta lotado de inovações tecnológicas e anúncios sedutores, que associam produtos a status, sensualidade, poder e conforto, ficava difícil remar contra a maré. Mas agora o barco afundou, o consumo exagerado trouxe consequências desastrosas, como o aquecimento global e a ameaça de esgotamento dos recursos naturais. 

"Esse modelo está esgotado porque não faz bem ao planeta e não traz felicidade. As pessoas descobriram que as cenas das propagandas não são reais", afirma a consultora de sustentabilidade Rita Mendonça, diretora-presidente do Instituto Romã e autora do livro Como cuidar do seu meio ambiente (Ed. Bei). 

Do ponto de vista econômico, esse tipo de prática gerou um grave endividamento. "O resultado é a crise que vivemos hoje", lembra Dulce. Quais seriam então as novas leis do consumo para o século 21? "É importante ter autonomia para pensar e agir. Poder escolher o que se compra é mais valioso do que poder comprar o que se quer. E uma postura mais consciente pode se revelar bem prazerosa", garante Rita Mendonça. 

"Quando recuperamos a lucidez, percebemos que o mais simples é bom para o corpo, o bolso e o ambiente. Isso beneficia nossa saúde integral", diz Jorge Mello.Para Dulce Critelli, não se trata apenas de escolher quanto ou o que consumir, mas que pessoa você quer ser. "Um consumidor voraz, que não pensa em consequências, perde a sua humanidade e passa a viver como as amebas. Melhor seria assumir a vida em todas as suas possibilidades, aprender a lidar com a morte, o envelhecimento, as perdas e as dores sem adotar mecanismos de fuga", garante. Grandes artistas sabem disso, temos de reativar o farol que eles nos deixaram, lembra Jorge Mello. "Picasso disse que a arte é a eliminação do desnecessário e Leonardo da Vinci afirmou que a simplicidade é o mais elevado grau da sofisticação." 

"Quero ensinar aos meus filhos que o conceito de riqueza vai além do dinheiro. Inclui as relações e o meio ambiente" Suzana Pamponet, da ONG Eletrocooperativa 

COMPRADORA CONTEMPORÂNEA 
• Como evitar as armadilhas do consumo e manter a compostura diante das vitrines? Segue um guia de etiqueta para os tempos modernos 



• Aprenda a diferenciar necessidades e desejos e observe o grau de satisfação proporcionado pela compra de um item supérfluo. Você verá que essa alegria dura muito pouco e provoca desperdício. 



• Algum produto chamou sua atenção? Reflita até que ponto seu estilo de vida está vinculado a trabalhar para pagar contas e prestações. Vale a pena fazer mais uma dívida? 



• O que você consome revela seus valores. Hoje em dia pega muito mal levar em conta apenas o preço do produto e desprezar o impacto que o consumo causará ao ambiente ou às pessoas.


 
• Seja poderosa mesmo. É você quem manda, não o vendedor, a propaganda, o corretor etc. No século 20, poderosa era considerada a mulher que podia comprar qualquer coisa. Hoje, poderosa é quem sabe escolher e compra apenas o que quer. 



• O consumo sustentável baseia-se na aplicação dos cinco erres (reflita antes de comprar, recuse o que é desnecessário, reduza o que é excessivo, reutilize sempre que possível e recicle o que não tem mais utilidade). 

CONSULTORES Jorge Mello, Duane Elgin e Rita Mendonça

terça-feira, 5 de março de 2013

Dez mitos sobre os introvertidos


Do blog de Paulo Gurgel Carlos da Silva, no Portal LN
1 - Os introvertidos não gostam de falar.
Isto não é verdade. Introvertidos simplesmente não falam a menos que tenham algo a dizer. Eles odeiam conversa fiada. Falam, e falam muito, quando o assunto é algo em que estão interessados.
2 - Os introvertidos são tímidos.
Timidez não tem nada a ver com introversão. Introvertidos não têm necessariamente medo das pessoas. O que eles precisam é de um motivo para interagir. Eles não interagem só por interagir. Se você quer falar com um introvertido, basta começar a falar. Não se preocupe em ser educado.
3 - Os introvertidos são rudes.
Introvertidos não costumam ver razões para rodeios com gentilezas sociais. Eles desejam apenas que todos sejam verdadeiros e honestos. Infelizmente, isto não acontece na maioria das vezes, e eles podem ser muitos pressionados a se ajustar, o que é cansativo para eles.
4 - Os introvertidos não gostam de pessoas.
Pelo contrário, introvertidos valorizam intensamente os poucos amigos que têm. Se você tem um amigo introvertido, pode considerá-lo um amigo de fato e, provavelmente, você terá nele um leal aliado para a vida. Uma vez que você ganhou o seu respeito como sendo uma pessoa de "conteúdo", poderá contar com ele.
5 - Os introvertidos não gostam de estar em público.
Nonsense. Introvertidos só não gostam de estar em público o tempo todo. Eles também gostam de evitar as complicações que estão envolvidas em atividades públicas. Eles captam dados e experiências muito rapidamente e, como resultado, não precisam estar "lá" por muito tempo para "pegá-los." Logo, estão prontos para ir recarregar em casa, e processá-los todos. Na verdade, a recarga é absolutamente crucial para os introvertidos.
6 - Os introvertidos sempre querem estar sozinhos.
Introvertidos sentem-se perfeitamente confortáveis com seus próprios pensamentos. Eles pensam muito. Eles devaneiam. Eles gostam de ter problemas para trabalhar, quebra-cabeças para resolver. Mas eles também conseguem ficar na solidão, se não há com quem compartilhem suas descobertas. Eles anseiam por uma relação autêntica e sincera com uma pessoa de cada vez.
7 - Os introvertidos são estranhos.
Introvertidos muitas vezes são individualistas. Eles não seguem a multidão. Eles preferem ser valorizados por suas novas formas de vida. Eles pensam por si mesmos e, por causa disso, muitas vezes desafiam a norma. Eles não tomam a maioria de suas decisões, baseando-se no que é popular ou naquilo que está na moda.
8 - Os introvertidos são nerds e distantes.
Introvertidos são pessoas que primeiramente olham para dentro, atentos a seus pensamentos e emoções. Não é que eles sejam incapazes de prestar atenção ao que está acontecendo em torno deles, é que o seu mundo interior é muito mais estimulante e gratificante.
9 - Os introvertidos não sabem como se relaxar e se divertir.
Introvertidos tipicamente relaxam em casa ou na natureza, e não em locais públicos movimentados. Eles não são candidatos a emoções como os viciados em adrenalina. Se houver muita conversa e barulho acontecendo, eles "se fecham". Seus cérebros são muito sensíveis a um neurotransmissor chamado dopamina. Introvertidos e extrovertidos apresentam neurovias dominantes diferentes.
10 - Os introvertidos podem mudar e tornar-se extrovertidos.
Um mundo sem introvertidos seria um mundo com poucos cientistas, músicos, artistas, poetas, cineastas, médicos, matemáticos, escritores e filósofos.
Leitura recomendada
The Introvert Advantage (How To Thrive in an Extrovert World), por Marti Laney