terça-feira, 18 de outubro de 2011

Entrevista exclusiva com Satanás


Você estaria, como relatado pela Exorcista Chefe do Vaticano, Gabriele Amorth, espreitando o Vaticano?
Espreitando? Eu estava lá, mas eu não “espreitando”. Além disso, eu estou lá com freqüência. Estas são as notícias na era da Web 2.0?
Você está lá com freqüência?
Sim. Eu gosto das tortas. As freiras utilizam a quantidade exata de raspas de laranja. É muito saboroso.
O que você está fazendo lá?
O que você acha que eu estou fazendo lá?
Espalhando o mal inominável?
Que dramático. Eu prefiro chamar de “checando meus investimentos”.
Então o Vaticano estava certo: você é responsável pela epidemia de abusos sexuais na igreja?
Ah, isso é demais. Deixe-me explicar melhor. Vocês pegam milhares de pedófilos reprimidos, dão a eles acesso irrestrito e autoridade sobre as crianças, e ainda precisam me responsabilizar pelos resultados?
Você está dizendo que não há um poder maior por trás das ações horríveis de sacerdotes que abusam de crianças?
Você realmente acha que eu tenho tempo ou inclinação para manipular as ações de cada tarado nesta bola de lama? Tenho coisas mais interessantes para fazer do que incentivar a depravação.
Mas você tem lacaios demoníacos – você não os usa para fazer isso?
Lacaios? Você é um ás da literatura, não? Devemos realizar o resto desta entrevista em linguagem arcaica? Onde estão vossos lacaios, meu senhor? Não estariam vossos lacaios realizando vossas malignas ordens? Ah! Ou seria tuas? Eu sempre esqueço… tuas, vossas, enfim. De qualquer forma, não, eu não preciso de lacaios.
Então como você realiza seu plano maligno supremo?
Ah, você quer dizer como vou destruir as forças do bem para que eu possa reivindicar o domínio sobre o céu e a terra?
É.
Estou começando a sentir muito por você, de verdade. Olhe em volta, cara. Você não vê o quê os humanos estão fazendo a si mesmos a cada segundo de cada dia? Por quê em todo o multiverso eu precisaria de um “plano maligno supremo”? Essa estória foi deixada de lado há muito tempo, ou seja, quando o primeiro organismo botou sua cabecinha feia para fora do esterco.
Então, só para esclarecer, você está dizendo que os seres humanos não têm necessidade de seus, hum, serviços?
Agora você está chegando lá, amigo. Eu estava começando a achar que você era retardado. Exatamente, não precisam.
Então por que você existe?
Por que você existe?
Eu não sei, acho que depende da sua perspectiva. Religiões ocidentais dizem-nos que somos parte do plano de Deus.
Novamente essa de plano. O que se passa com os seres humanos e suas obsessões com grandes planos? Eu odeio dizer isso – bem, pule essa parte, na verdade eu adoro – mas você não é parte do plano de ninguém.
Então simplesmente não há conexões pessoais com poderes superiores?
Olhe, o negócio é o seguinte. Os seres humanos estão convencidos de que eles devem ter uma finalidade, e que todos estão recebendo atenção especial, como parte de algum plano. Mas se você deixasse de lado sua pretensão hipócrita por um minuto que seja e olhasse em volta, veria o quão imbecil é essa visão. Como, por exemplo, você explica o fato de ricos gordos e babacas com mansões em Miami, que não fazem nada além de contar seu dinheiro e decidir a que coquetel irão à noite, vivem por aí enquanto garotas de 5 anos são estupradas, violentadas e assassinadas no Congo praticamente todos dias? Faça qualquer comparação que desejar: compare as boy bands com o genocídio. O salário de jogadores de baseball com a fome desenfreada. Enfim. Vocês, pessoas, já sabem que essa merda toda é de verdade mas raciocinam como se fosse parte de um “plano”. Que porra de plano é esse? Até eu, Satanás, admito que isso é insano.
Bem, só para brincar de seu advogado, e se o plano simplesmente estiver além de nossa compreensão e tudo fizer sentido de alguma forma?
Certo. Adão e Eva comeram uma maçã da árvore e por causa disso o mundo está amaldiçoado, e a humanidade – pobre, cega, estúpida humanidade – simplesmente não consegue ver sentido nisso, mas em tempo tudo ficará claro. Ah, e não se esqueça que eu era uma cobra falante que minou o plano original de Deus sozinha, plano esse que foi tão incrivelmente bem planejado. Ponha uma árvore no meio de um jardim e diga à sua boneca Barbie e ao seu boneco Ken, nus, para que não comam o fruto da árvore senão vários milênios de inferno vão se suceder. Brilhante! E agora, veja, porque Deus desceu e comprou a fazenda para seu cultivo de suculentas frutas-amaldiçoadas, porque eu acho que só afogar tudo denovo seria muito chato, vocês têm a chance de salvarem-se acreditando que ele(s) sofreu(eram) por você. Se você acreditar, então você é um “escolhido” senão está condenado. Uma pena aquelas crianças que foram massacradas antes mesmo de ouvir uma palavra sobre isso, hein? Resumindo tudo: bonecas Barbie nuas persuadidas pela cobra falante a comer o fruto, depois uma maldição universal em toda a humanidade, depois Deus descendo e tomando no queixo pela coisa toda, depois a salvação ou a danação, depois tudo fazendo sentido no final. Sacou?
Isso é o que algumas pessoas, bem, várias pessoas acreditam, sim.
Eu encerro minha argumentação. Você tem que ter uma razão, e até mesmo algo tão descaradamente ridículo, enquanto for antigo – porque por alguma razão ser “antigo” torna as coisas mais verdadeiras para as pessoas – vai funcionar. Você suspenderá cada último vestígio de lógica para acreditar nisso. Você vai recusar o escrutínio com que analisa tudo o mais na sua vida para que não colida com sua fé numa amálgama de estórias escritas que foram convenientemente costuradas com a melhor piada já inventada – que você é especial e que pode viver para sempre.
Mas, você sabe, dizem por aí que seu maior feito foi convencer a humanidade de que você não existe.
Eu sei, eu adoro essa. Mas se eu pudesse, gostaria de editar essa frase assim: Minha maior conquista foi atuar de forma a tornar a auto-ilusão um vício tão poderoso. Não é possível ter a luz sem a escuridão. Sem mim, ou o “mal supremo”, qualquer que seja o termo que você preferir, não haveria necessidade de salvação, porque, se não do mal, então você está sendo salvo de quê?
De nós mesmos?
Bingo! Magnífico, não é? Este é um presente que continua se entregando, eu não tenho que fazer porcaria nenhuma. Os humanos são tão alienados em seu delírio de propósito, planos e racionalização, que a coisa toda apenas deságua em si, como um terrário.
Estou confuso.
Isso você é, mas temo que terei que partir. Eu tenho que atravessar toda a galáxia antes do almoço e checar como andam as coisas em… bem, você não conseguiria pronunciar isso mesmo… digamos que em outra bola de lama.
Espere, você está dizendo que há vida lá fora, além de nós?
Oh, não amigo, vocês são as criaturas mais especiais em todo o tempo e espaço. Como poderia haver vida lá fora?
Isso é sarcasmo, certo?
Outro prêmio para o nosso concorrente! Ouça, amigo, eu gosto de você – eu realmente sinto muito por você – por isso vou dar-lhe alguns conselhos de despedida: não imprima nada disso. Tudo o que vai fazer é tornar-se alvo de mais insultos e maldades do que você tem estômago para aguentar. As pessoas acreditam no que eles querem acreditar. Sempre foi assim e é assim que sempre vai ser. Quero dizer, faça o que quiser, mas não diga que não avisei.
Obrigado, eu acho.
Estou saindo. Ah, em todo o caso, seus pneus estão murchos.
Não estão não.
Você tem certeza? Muhahaahahhahaahahahaha!

Autor: David Disalvo
Tradução: João Cunha (exclusivo para o Bule)
Fonte: Trueslant
Via: Index (leia o post do Index para entender melhor o que motivou esta entrevista)

Disponível em http://bulevoador.haaan.com/2010/03/9199/

domingo, 9 de outubro de 2011

"A questão da criminalidade não se resolve com o Direito Penal".

Transcrevo aqui um pequeno trecho de uma entrevista que o advogado Juarez Cirino dos Santos deu à Gazeta do Povo. Selecionei a parte que considero mais importante e que não trata tanto de questões de Direito, para que quem não possui formação jurídica possa entender.

Acho sensacional a parte em que Juarez fala de como nós, que não somos detentores do capital, contribuímos para a manutenção dessa sociedade injusta. É por isso que são nojentas as ideias (típicas da direita) de que criminoso é vagabundo, que não correu atrás, e que, portanto, merece castigos como levar chicotadas (em recente declaração de deputado do PP, aquele belo partido que abriga em seus quadros pessoas doces como Jair Bolsonaro), prisão perpétua ou pena de morte.

E concordo também quando Juarez diz que é bobagem dizer que as pessoas nascem boas ou más. Não existe essa história de carma, destino ou qualquer outro nome que queiram dar. A mim soa deveras conformista certas explicações que costumam dar em certos casos. Por exemplo: a criança nasceu numa família miserável, aos 05 anos viu os pais serem assassinados, então passou a morar nas ruas, onde a luta pela sobrevivência era diária e onde aprendeu toda sorte de coisas ruins. Aos 12 ela vai para um reformatório, onde aumenta seu ódio diante de tanto terror, aos 16 já é chefe de algum grupo criminoso e aos 20 morre num tiroteio com a polícia. A explicação? Era o destino dela. E eu achando que a culpa era do Estado, que não deu as mínimas condições para que ela se desenvolvesse. Nas palavras de Juarez: "E aí, dentro de algum tempo, nós vamos encontrar aqui uma criança que nasceu com um potencial de desenvolvimento extraordinário transformada num animal, num sujeito inteiramente deformado, com o qual realmente é impossível conviver".

Mas já falei demais. Fiquem com as ótimas palavras do autor.  

O Sr. fala de carreiras criminosas. Há indivíduos irrecuperáveis? O que fazer com eles?

Nós estamos tratando aqui da natureza humana. Estamos partindo do princípio de que existem pessoas que são boas, e que nascem boas, e que continuam boas, e nada as perverte. E existiriam pessoas que são más, nascem más, e nada as transforma em pessoas boas. Existem pessoas boas e más, e as más nós temos que excluir e as boas nós temos que privilegiar. Essa é uma idéia errada também. As pessoas não são boas ou más, as pessoas são feitas boas ou más. O homem não nasce com uma natureza dada. Não há os eleitos e os condenados, os que estão na felicidade e os que estão na miséria. O ser humano, na verdade, é o conjunto das relações sociais.

Quando eu penso o ser humano como conjunto das relações sociais, eu estou inserindo o homem no contexto concreto da sua vida, e percebendo o nosso ser humano em uma sociedade como a nossa, que é uma sociedade desigual, que essa desigualdade é instituída constitucionalmente e reproduzida pelo Direito. Isso é importante destacar. A desigualdade não é um fenômeno natural. A desigualdade é instituída pela Constituição e reproduzida pelo conjunto do Direito, no caso do Direito Civil, do Direito do Trabalho, etc., e o que é pior: garantida pelo Direito Penal, pelo sistema da justiça criminal. Que desigualdade é essa? A desigualdade que decorre da relação capital X trabalho assalariado. Uma relação desigual cuja lógica significa concentração da riqueza e do poder num dos pólos da relação, que é o pólo do capital, e a generalização da miséria e da privação no outro pólo.

Agora, nós vemos aqui nesse pólo do trabalho dezenas de milhões de pessoas que vivem com dificuldades fantásticas, vivendo com um salário, um pouco mais de um salário – e é impossível viver com R$ 400 por mês num país como o nosso –, e uma riqueza imensa do outro lado, que não é socializada. Agora, ainda assim, felizes dos que estão no processo de trabalho, que ainda estão integrados no mercado de trabalho e que têm um salário, uma moradia, apesar de viverem com uma dificuldade imensa. E os milhões que estão excluídos do processo de trabalho e não conseguem retornar, vão viver como? Eles não têm onde morar, não têm o que comer, não têm escola, não têm roupa, não têm perspectiva, não têm esperança, não têm família, não têm nem pai nem mãe. E esse pessoal? Imagine o ser humano que se forma. Então agora eu estou compreendendo o ser humano como a expressão desse conjunto de relações históricas, de razões sociais que o constitui.

E aí, dentro de algum tempo, nós vamos encontrar aqui uma criança que nasceu com um potencial de desenvolvimento extraordinário transformada num animal, num sujeito inteiramente deformado, com o qual realmente é impossível conviver. Mas é culpa dele? Ele não gostaria de ter tido outra chance? Foucault tem uma passagem notável no livro Vigiar e Punir: ele coloca um juiz na frente de um réu e aí ele fica especulando e estudando as condições do réu, dizendo que se esse réu tivesse nascido nas condições daquele juiz, tivesse tido as chances que ele teve de se alimentar bem, de desenvolver o cérebro, de se escolarizar, de ter o apoio da família, ele seria um juiz e talvez estivesse julgando um réu. E se aquele juiz tivesse vivido nas condições desse réu, de marginalização, de exclusão, muito provavelmente ele estaria no lugar do réu, sendo julgado. Por quê? Porque o homem é esse conjunto das relações sociais, das relações históricas.

Aí nós vamos ver que nós estamos produzindo essas pessoas, então nós somos responsáveis por elas também. Não as produzimos diretamente, porque não somos capitalistas, porque não temos uma grande empresa, porque não somo banqueiros, não somos industriais, não somos fazendeiros, mas somos responsáveis. Porque nós, nas escolas, nas faculdades, defendemos uma concepção de mundo que sustenta essa organização social. Na imprensa, defendemos um conjunto de valores que sustenta essa organização social. No parlamento, estabelecemos leis que instituem essa organização social. Ou seja, nós somos responsáveis por isso também. Como é que agora eu posso falar num sujeito irrecuperável, que eu preciso eliminar as maçãs podres, se fui eu quem as apodreceu. Essa maçã, em condições adequadas, poderia ser uma fruta muito bonita. Em uma sociedade desigual, violenta, como a nossa, não é possível você conter a violência individual com polícia. Isso se faz com políticas sociais, que não se realizam porque isso requer uma transformação, uma mudança na correlação de forças, que está na base da organização social e das relações de poder político que estão aí presentes e que se exprimem nessa legislação que institui a desigualdade, ou que garante a desigualdade. O Direito Penal entra aqui como uma garantia, porque o Direito Penal legitima a prisão, e é porque o Estado tem o poder de prender através do processo penal que se mantém essa organização social absolutamente injusta. Se não existisse o poder de prender, o que seria dessa forma de organização da sociedade?

Entrevista na íntegra disponível em http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=753531

sábado, 8 de outubro de 2011

War Pigs - Black Sabbath

     Do álbum Paranoid (que de tão bom parece mais uma coletânea). Uma das melhores letras do rock n´ roll. Sempre lembro do Bush quando a escuto.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Bündchen também discrimina os homens

Para gastar todo o dinheiro do marido e conseguir sua compreensão, a mulher brasileira precisa lhe conceder sexo. O ensinamento de uma campanha da lingerie Hope, protagonizada por Gisele Bündchen, causou justa indignação a ponto de a Secretaria de Políticas para as Mulheres pedir sua suspensão.

Essa e outras manifestações sexistas escamoteiam faceta pouca explorada: o homem também é discriminado. Ora, para a campanha referida, o marido ideal precisa ser o provedor; caso contrário, não pode ter uma mulher linda e disponível para o sexo. Como um cão no cio, necessita de sexo a todo momento e a todo custo. Não deve se importar com a satisfação da parceira; basta que ela finja prazer.

Se analisarmos comerciais dirigidos aos homens, veremos que, nessas peças, eles são tratados como crianças abobalhadas. Os de cerveja os perfilam como tipos pouco inteligentes, fazendo (e rindo de) piadas idiotas, e com um só objetivo na vida: sexo. Um recente comercial da Volkswagen mostra um pai com vergonha do filho pois o menino, além de não surfar ou tocar guitarra, ainda não "pegou" uma garota.
Como todo projeto de dominação e preconceito, a discriminação de gênero, embora baseada numa suposta inferioridade feminina, atinge a todos, porque cria regras "naturais" para o comportamento dessa ou daquela pessoa, baseando-se apenas em seu sexo. Adeus, individualidade e diversidade.

No mundo que se convencionou chamar masculino, não há lugar para poesia, para emoções. Sensibilidade é uma capacidade indesejável, ligada a tudo o que é considerado inferior, ou seja, ao feminino.
A educação dirigida aos meninos é completamente diferenciada. Bonecas são brinquedos educativos para as futuras mamães, mas causam horror se manipuladas por meninos. O "instinto materno" é aprendido desde a infância, mas não se ensina o paterno (não à toa, se considera tão natural as mulheres ficarem com os filhos numa separação).

Homem não chora, é autossuficiente, não demonstra fragilidade e não leva desaforo pra casa. Se ele se irrita, agride pessoas, deve ser compreendido, porque, afinal, é apenas um… homem, infantilizado pela família e pela sociedade. Enquanto mulheres dividem com outras medos e frustrações, o homem se fecha. Do ambiente familiar, repleto de emocionalidades, resta a ele fugir. O bar e o álcool são o refúgio viril que a sociedade lhe dá.

É preciso rever certos conceitos. Isso passa pelos meios de comunicação de massa, que reforçam estereótipos e criam outros, à guisa de fazer "piadas inocentes".

Nós, homens do século 21, somos seres pensantes. Não queremos prover ninguém, almejamos unir esforços. Se por acaso nossa renda for insuficiente ou nula, que nos respeitem. Gostamos, sim, de sexo, mas não pensamos nisso 24 horas por dia. Nos interessa o futebol mas também o balé, a música, a arte, a poesia. E choramos, sim.

Por isso, pedimos ao Conar que suspenda a propaganda da Hope e outras ridículas, não só por ofenderem nossas mães, filhas e esposas, mas por nos agredirem profundamente enquanto homens.

FAUSTO RODRIGUES DE LIMA é promotor de Justiça do Distrito Federal e coautor do livro "Violência Doméstica - A Intervenção Criminal e Multidisciplinar"

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

QUAL A MAIOR ABOMINAÇÃO: SER GAY OU COMER MOLUSCOS?

O leitor Luiz Prata deixou este interessante comentário no post sobre feminismo e cristianismo. Descobri apenas que o texto é atribuído ao Rubem Alves, mas na internet não dá pra ter certeza.
Como sabemos, religiosos que levam a bíblia ao pé da letra costumam ser seletivos: certos trechos, como os que dizem que homossexualidade (que os religiosos sempre chamam de homossexualismo, pois pra eles trata-se de doença) é uma abominação, são literais. Outros são parábolas e precisam ser vistos no contexto da época. É pra deixar qualquer um confuso. Um ouvinte da locutora americana e fundamentalista cristã Laura Schlessinger lhe mandou uma carta com suas dúvidas.

Cara Dra. Laura,
Obrigado por ter feito tanto para educar as pessoas no que diz respeito à Lei de Deus. Eu tenho aprendido muito com seu show, e tento compartilhar o conhecimento com tantas pessoas quantas posso. Quando alguém tenta defender o homossexualismo, por exemplo, eu simplesmente o lembro que Levíticos 18:22 claramente afirma que isso é uma abominação. Fim do debate.
Mas eu preciso de sua ajuda, entretanto, no que diz respeito a algumas leis específicas e como seguí-las:
a. Quando eu queimo um touro no altar como sacrifício, eu sei que isso cria um odor agradável para o Senhor (Levíticos 1:9). O problema são os meus vizinhos. Eles reclamam que o odor não é agradável para eles. Devo matá-los por heresia?
b. Eu gostaria de vender minha filha como escrava, como é permitido em Êxodo 21:7. Na época atual, qual você acha que seria um preço justo por ela?
c. Eu sei que não é permitido ter contato com uma mulher enquanto ela está em seu período de impureza menstrual (Levíticos 15:19-24). O problema é: como eu digo isso a ela? Eu tenho tentado, mas a maioria das mulheres toma isso como ofensa.
d. Levíticos 25:44 afirma que eu posso possuir escravos, tanto homens quanto mulheres, se eles forem comprados de nações vizinhas. Um amigo meu diz que isso se aplica a mexicanos, mas não a canadenses. Você pode esclarecer isso? Por que eu não posso possuir canadenses?
e. Eu tenho um vizinho que insiste em trabalhar aos sábados. Êxodo 35:2 claramente afirma que ele deve ser morto. Eu sou moralmente obrigado a matá-lo mesmo?
f. Um amigo meu acha que mesmo que comer moluscos seja uma abominação (Levíticos 11:10), é uma abominação menor que a homossexualidade. Eu não concordo. Você pode esclarecer esse ponto?
g. Levíticos 21:20 afirma que eu não posso me aproximar do altar de Deus se eu tiver algum defeito na visão. Eu admito que uso óculos para ler. A minha visão tem mesmo que ser 100%, ou pode-se dar um jeitinho?
h. A maioria dos meus amigos homens apara a barba, inclusive o cabelo das têmporas, mesmo que isso seja expressamente proibido em Levíticos 19:27. Como eles devem morrer?
i. Eu sei que tocar a pele de um porco morto me faz impuro (Levíticos 11:6-8), mas eu posso jogar futebol americano se usar luvas? (as bolas de futebol americano são feitas com pele de porco).
j. Meu tio tem uma fazenda. Ele viola Levíticos 19:19 plantando dois tipos diferentes de vegetais no mesmo campo. Sua esposa também viola Levíticos 19:19 porque usa roupas feitas de dois tipos diferentes de tecido (algodão e poliéster). Ele também tende a xingar e blasfemar muito. É realmente necessário que eu chame toda a cidade para apedrejá-los (Levíticos 24:10-16)? Nós não poderíamos simplesmente queimá-los em uma cerimônia privada, como deve ser feito com as pessoas que mantêm relações sexuais com seus sogros (Levíticos 20:14)?
Eu sei que você estudou essas coisas a fundo, então estou confiante que possa ajudar. Obrigado novamente por nos lembrar que a palavra de Deus é eterna e imutável. Seu discípulo e fã ardoroso.

Disponível em www.escrevalolaescreva.blogspot.com

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Em corrida.

Correndo tanto, mas para onde? É o que sempre me pergunto quando caminho pelas ruas de cidades como São Paulo, de olho nas expressões atribuladas que cruzam por mim. A vida moderna depositou um caminhão de afazeres nas costas de cada indivíduo, e o peso só aumenta com a pressa. Se um motorista se distrai quando o farol fica verde, logo toma buzina do carro detrás. Outro atravessa a rua com celular à orelha, com passos rápidos e desatentos. Aquele lá corre para o ônibus no ponto, afinal o próximo só passa daqui a meia hora, se não estiver lotado. E ploc, ploc, ploc, mulheres de salto caminham com a urgência de quem só tem meia hora para almoçar. E o assunto à mesa com os colegas será o próprio trabalho, do qual vão chegar em casa à noite e reclamar também.

Sim, porque as mulheres estão cada vez mais parecidas com os homens, e isto não é um elogio: elas põem o ganhar dinheiro e o subir na vida em primeiro lugar, tratam com crueldade os subordinados – as subordinadas, então! –, traem seus companheiros mesmo que sejam legais e leais, pensam o tempo todo em consumo e status, delegam a criação dos filhos para babás ou parentes. Conheço uma mulher que nunca sai do trabalho antes das 20h e, mesmo assim, às vezes sai mais cedo e demora para chegar em casa só para não pegar os filhos acordados. Como assim? Por que pôr filhos no mundo se não se tem tempo para eles? E mesmo no fim de semana o estresse insiste em não ir embora: sempre se tem algum compromisso, e como eles parecem aumentar sem parar…

Como se não bastasse, no caso delas há outras cobranças além de conciliar trabalho e família, cobranças – veja bem – que muitas vezes são elas mesmas que se fazem, mais que os homens. Me refiro às cobranças relativas à aparência. Elas se sentem pressionadas a sempre estar magras, na moda, arrumadas, maquiadas, sem rugas nem dobras, com cabelos e unhas impecavelmente pintados. É claro que os homens gostam das mulheres bonitas, mas pode ter certeza de que não dão a menor bola para muitos desses exageros, dessas obsessões, desse mundo de grifes e futilidades. O medo de envelhecer parece afetar muito mais a elas do que a eles, ao menos no sentido da vaidade física. Eles não são muito adeptos de botox e outros elixires da juventude, são?

Supostamente a tecnologia viria para nos dar mais tempo livre, ter horários mais flexíveis, resolver problemas com mais rapidez. Mas veja o número de horas semanais que cada pessoa perde checando emails, torpedos e redes sociais e navegando pelas fofocas da internet, inclusive no ambiente de trabalho; ou no trânsito; ou em casa, diante da TV. Como resultado, há menos convívio direto e, pior, menos tempo para refletir, para assimilar os dados e desenvolver raciocínios menos imediatistas sobre eles. Há mais egoísmo e descortesia nas ruas e nos lares, e os outros se tornam eles também objetos de consumo, úteis até provas em contrário. E ploc, ploc, ploc, todos vão direto para a solidão e a ansiedade, das quais os remedinhos prometem tirar em doses cada vez mais fortes. E não tiram.

Daniel Piza

domingo, 2 de outubro de 2011

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Cultura das sociedades de massa, culto às celebridades e até a luta antimanicomial.

     O texto abaixo é específico, fala sobre a luta antimanicomial, foi escrito por psicólogos. Talvez não desperte o interesse de quem não é da área. Eu recomendo a leitura, porque, além do texto ser belíssimo e abordar outros temas (como o culto às celebridades e a cultura das sociedades de massa) além do sugerido pelo título, não podemos ficar bitolados apenas em nossa profissão/atividade/trabalho, por mais apaixonados que sejamos por eles. Como ouvi certa vez: "quem só entende de Direito não entende de Direito". Percebam que é justamente esse o diferencial deste texto: certamente se ele ficasse preso aos técnicismos da Psicologia e/ou não espraiasse a questão por outros ramos da sociedade, eu não o estaria publicando aqui.


A Urgência da Luta Antimanicomial

"Todos estão loucos, neste mundo? Porque a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são demais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a cabeça, para o total."

[João Guimarães Rosa, excerto de Grande Sertão: Veredas (1956)]

Em meados dos anos 70 surgiu, juntamente com a Reforma Sanitária Brasileira, a luta antimanicomial. Trata-se de um movimento que busca o fim das instituições psiquiátricas e a reintegração social dos portadores de transtornos mentais através de ferramentas como oficinas terapêuticas, CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), etc.

Por tratar-se de um grupo demasiadamente excluído, pouco se fala sobre o assunto na mídia tradicional; o debate, quando acontece, limita-se ao meio acadêmico. Por isso decidimos levar o tema mais adiante e faremos aqui uma breve exposição de pontos de vista para fomentar discussões.

Vivemos numa sociedade onde todos buscam padrões. As pessoas querem ser fisicamente parecidas (vide o crescimento nas estatísticas de cirurgias plásticas e clínicas estéticas), querem ter determinado padrão econômico, querem possuir determinados acessórios para serem inseridas dentro de um grupo.

O exterior do homem é cada vez mais valorizado, em detrimento do interior. Paradoxalmente a essa "massificação" do ser humano, assistimos ao crescimento da individualidade. Algumas gerações atrás, os irmãos dividiam quartos, os filhos só saíam da casa dos pais para casar e formar outra família, um carro para a casa toda era suficiente. Hoje os jovens querem um carro assim que tiram a CNH, se dividem um quarto é por falta de opção, e os casais mais abastados constroem dois banheiros no quarto de casal: um para a mulher, outro para o homem.

Paralelamente a tudo isso, podemos dizer que estamos olhando para o próximo como nunca antes na história da humanidade. A indústria da fofoca fatura vendendo notícias referentes à intimidade de pessoas famosas; pessoas, que, muitas vezes, não fazem nada além de serem famosas. O interesse pela vida particular do outro é tão grande, que chegamos ao ponto de confinarmos pessoas dentro de uma casa com câmeras e assisti-las fazendo nada o dia todo.

Como se explica, então, que apesar de querermos ser tão parecidos, ao mesmo tempo, buscamos cada vez mais a individualidade?

A nosso ver, essa questão não é tão paradoxal quanto parece. Estamos, sim, cada vez mais olhando para o outro. Porém, está longe de ser um olhar altruísta: é um olhar egocêntrico, de julgamento, por vezes invejoso. Temos um padrão de "vida correta" a ser seguido, e quando alguém foge disto, é castigado.

As celebridades (instantâneas ou não) são, na verdade, ferramentas para a manutenção deste ideal. A mídia vende a imagem de "pessoas perfeitas" para que queiramos ser como elas. Então pega essas mesmas pessoas e as distribui em comerciais de xampu, cartão de crédito, detergente, etc., como se a compra daqueles produtos nos fizesse perfeitos também.

Eis aí a mentira que sustenta o capitalismo: a transformação do homem em mercadoria. A partir do momento que deixamos nossa humanidade de lado, temos que nos submeter a uma padronização. Tal qual garrafas de refrigerante na linha de produção, aquele que apresenta alguma particularidade que os difere dos demais é expulso.

Sendo assim, não "cabe" na sociedade capitalista o marginal, o pobre, o doente, o deficiente. Então são criadas instituições: a prisão, o manicômio, o asilo, não com o intuito de "curar" a sociedade, e sim, partindo de um pressuposto higienista, de "limpar", tirar de vista aquilo que incomoda, excluindo as pessoas como as garrafas de refrigerante que saíram da linha de produção com o rótulo de ponta cabeça ou com menos de 2 litros.

Quando olhamos para a celebridade da revista, estamos olhando para um ideal impossível, e quando esta é fotografada em público sem a roupa íntima, ou quando ela termina um namoro, estamos na verdade dando vazão ao nosso sadismo, satisfazendo nossas vontades de que elas sejam tão imperfeitas quanto nós. Sendo assim, não estamos olhando de fato para ela tal como ela é, e sim para nós mesmos.

Quando um ex-interno é rejeitado numa entrevista de emprego, por exemplo, está sofrendo os efeitos de uma organização social egocêntrica, decadente, e, acima de tudo, doente.

Daí a importância da luta antimanicomial: não é simplesmente um movimento no sentido de fechar os manicômios e/ou denunciar maus tratos que muitas vezes são cometidos neles. É uma luta de inclusão, de "humanização do homem", tal qual o movimento negro, GLBT, feminista, etc.

É uma denúncia, mais do que necessária, a um sistema social falido, que vitima milhares de pessoas que saem de alguma instituição em busca de reintegração. E, principalmente, nos vitima também, pois este que se sente excluído vai buscar aternativas para se incluir: se não for por bem, vai ser por mal.

Pensemos então em quem somos e o que esperamos do futuro da nossa sociedade. Afinal, somos obrigatoriamente seres agregáveis e devemos nos organizar de uma forma mais estável e harmoniosa do que acontece hoje.

Tratando-se especificamente da reinserção social do portador de transtorno mental, defendemos que estas pessoas tenham a chance de se desinstitucionalizar (lembrando que ainda nos dias atuais existem pessoas que passam mais de 60% da vida dentro de um hospital psiquiátrico e morrem dentro dele).

Com o passar do tempo, muitos dos movimentos de inclusão social existentes ganham força, pois cada vez mais, através de teóricos e literários, o homem consegue ampliar sua visão na recuperação dessas pessoas que sempre tiveram as necessidades fundamentais para seu desenvolvimento negadas, como: alimentação, segurança, acolhimento, saúde, trabalho, etc. A luta antimanicomial vem ao encontro de mudanças que estão se tornando concretas, mais objetivamente, agora no início do século XXI.

Temos muito a melhorar e o cidadão consciente tem, por obrigação, travar discussões, aliando-se aos movimentos sociais, para auxiliar e cobrar do poder público políticas efetivas referentes a esse tema e muitas outras que visem discutir essa tal sociedade em que esperamos poder viver um dia.



Lauren Archilla e Lucio Costa são estudantes de Psicologia da Universidade Paulista e desenvolvem um projeto de Oficina de Jogos Teatrais junto às internas do Mental Medicina Especializada.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Layla - Eric Clapton

   
     Idem ao comentário sobre o Dio: conheço pouco a obra do Eric Clapton, mas adoro essa música!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A bíblia machista? Capaz!

"As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor.... Como, porém, a Igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido" (Efésios 5:22,24). "Esposas, sede submissas ao próprio marido, como convém no Senhor" (Colossenses 3:18). As mulheres mais velhas sejam orientadas para ensinar as mais novas a serem "…sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada" (Tito 2:3-5). "Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido..." (1 Pedro 3:1). As instruções da Bíblia são claras. As mulheres devem submeter-se aos seus maridos. Essa submissão não indica inferioridade. Mesmo Jesus se submeteu ao Pai, entretanto ambos, Pai e Filho, participam igualmente da natureza divina. Do mesmo modo, esposo e esposa têm igual valor como pessoas, mas Deus ordena que o esposo guie a família. [...]

Retirado de www.escrevalolaescreva.blogspot.com 


     E ainda me perguntam porque eu tenho "birra" com as religiões...

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Rainbow in the dark - Dio


Nem sou o maior fã do Dio, mal conheço sua carreira solo. Mas adoro esta música. O que mais gosto é o teclado, marcante, ainda que o riff seja um tesão também.

domingo, 18 de setembro de 2011

O amor não acaba, nós é que mudamos

Um homem e uma mulher vivem uma intensa relação de amor, e depois de alguns anos se separam, cada um vai em busca do próprio caminho, saem do raio de visão um do outro. Que fim levou aquele sentimento? O amor realmente acaba? 

O que acaba são algumas de nossas expectativas e desejos, que são subtituídos por outros no decorrer da vida. As pessoas não mudam na sua essência, mas mudam muito de sonhos, mudam de pontos de vista e de necessidades, principalmente de necessidades. O amor costuma ser amoldado à nossa carência de envolvimento afetivo, porém essa carência não é estática, ela se modifica à medida que vamos tendo novas experiências, à medida que vamos aprendendo com as dores, com os remorsos e com nossos erros todos. O amor se mantém o mesmo apenas para aqueles que se mantém os mesmos. 

Se nada muda dentro de você, o amor que você sente, ou que você sofre, também não muda. Amores eternos só existem para dois grupos de pessoas. O primeiro é formado por aqueles que se recusam a experimentar a vida, para aqueles que não querem investigar mais nada sobre si mesmo, estão contentes com o que estabeleceram como verdade numa determinada época e seguem com esta verdade até os 120 anos. O outro grupo é o dos sortudos: aqueles que amam alguém, e mesmo tendo evoluído com o tempo, descobrem que o parceiro também evoluiu, e essa evolução se deu com a mesma intensidade e seguiu na mesma direção. Sendo assim, conseguem renovar o amor, pois a renovação particular de cada um foi tão parecida que não gerou conflito. 

O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. Paixão termina, amor não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa.

Martha Medeiros

sábado, 17 de setembro de 2011

Amor e respeito


Acredito que, em um relacionamento  o mais importante seja o respeito, e direi por quê.

Muitos me chamariam de fria ou insensível, mas não considero o amor o mais importante. Até porque, entendo amor como algo diferente do que se apresenta hoje. O que hoje chamam de “amor”, eu chamo de “paixão” (e sem demérito, este último também é valioso e necessário).

O que é amor para mim? Ouvi isso certa vez de um pastor e me revoltei (como muitos podem se revoltar ao ler isso hoje). Mas hoje concordo com ele: Amor é decisão. Você ama por decidir amar. E amor é algo prático, amor é ação. Ele usou o exemplo de Deus (falando a cristãos) para corroborar a tese.

Deus amou o mundo (Jo. 3:16) e isso não dependeu de algo que a humanidade fez ou deixou de fazer, ou por ser bonita, inteligente e interessante. Ele amou porque simplesmente decidiu amar. E ponto. Há quem explique isso? Não. Porque a única explicação é que ele tomou uma decisão.

E ele agiu. Deus enviou seu único filho. Amor não é apenas sentimento, é ação, é prático. Não adianta amar alguém e não fazer nada.

Hoje concordo inteiramente com essa visão: amamos porque decidimos amar. Amamos alguém pelo que essa pessoa é, não pelo que ela faz, ou pelo que ela aparenta, menos ainda pelo que pode nos oferecer. Amamos por que a pessoa é. E ponto.

É diferente de paixão, que acontece por conta de um sorriso, um rosto bonito, um corpo atraente, até mesmo fatores mais diferentes, como um humor diferenciado, um intelecto instigante ou um jeitinho cativante.

Paixão é bom! É sim, sem paixão perde um pouco a graça, mas não é o principal.

Para mim, o principal é respeito.

Respeito, e essa é a minha visão, são duas coisas: admiração e cuidado.

Admiração é aquilo que te faz olhar para uma pessoa e ver valor nela. É aquilo que te faz se orgulhar de estar com ela.

Pode ser a beleza física, sim. Não acho o ideal, mas é um dos pontos. Pode ser diversas características, juntas ou separadas. Mas é importante que seja algo que você valorize. Não adianta a pessoa ser divertida se eu valorizo seriedade. Ou a pessoa ser linda se eu valorizo caráter. O que importa é que admire. A admiração nos conduz diretamente ao segundo ponto: cuidado.

Cuidado é a via de mão dupla. Se eu tenho cuidado com uma pessoa, não vou querer machucá-la. Logo, não vou querer traí-la, tratá-la mal ou ser indiferente. O cuidado nos leva a ter atenção, a tratar bem, a levar flores, a comprar algo simplesmente pq achou que a pessoa gostaria, sem data especial.

Lembro da relação entre o Pequeno Príncipe e sua Rosa. Ele a admirava… ele cuidava… mas não era recíproco. Então ele cansou. E foi conhecer outros mundos, até descobrir que haviam milhares de rosas iguais à dele, mas nenhuma era ela. Pois foi com ela que ele passou seu tempo, por ela ele virou noites em claro. E ele voltou.

A história acaba aí, mas penso que se a Rosa não mudar ele partirá de novo. Pois tem que haver reciprocidade, cuidado mútuo.

Respeito, então, é fundamental. ..uma relação jamais sobrevive quando ele acaba.

(Texto adaptado do blog na Toca da Cobra)

            Meu comentário: Sobre o amor ser um ato de decisão, é o que a Martha Medeiros diz: a gente escolhe quando vai se apaixonar. Fato! Sem admiração, o amor não se cria, ou padece. E respeito é tudo, é sim mais importante que o amor. Quer coisa mais triste que aqueles casais que vivem se matando, dizem as maiores barbaridades um p/ outro, terminam e na outra semana... estão juntos de novo! "É que a gente se ama". Sei lá, pode até ser que se amem, mas como não existe respeito, não dura muito.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Coisas que aprendi com Hermione Granger

“Hermione mostrou-se indignada.

- Mas isso... me desculpe, mas é completamente ridículo! Como é possível eu provar que não existe? O senhor espera que eu recolha... recolha todas as pedras do mundo e faça um teste com elas? Quero dizer, a pessoa poderia afirmar que qualquer coisa é real se a única base para crer nela fosse ninguém ter provado a sua inexistência!” (em Harry Potter e As Relíquias da Morte, pág. 303).