terça-feira, 31 de maio de 2011

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Os crimes do olho-de-boi


Terminei há pouco a leitura de “Os crimes do olho-de-boi”, do Marcos Rey. Muito legal!

Para quem não conhece, Marcos Rey é autor de inúmeros romances policiais infanto-juvenis, como “Um cadáver ouve rádio”, “Doze horas de terror”, “O diabo no porta-malas” etc, todos publicados pela editora Ática na saudosa série vaga-lume. E este livro que agora resenho é do mesmo estilo, com a diferença de ter sido escrito para adultos.

Sendo escrito para adultos, não há papas na língua. O diferencial deste ‘Os crimes do olho-de-boi’ é o humor e o politicamente incorreto que permeiam toda a trama, além de inúmeros palavrões correntes entre os personagens. Os diálogos são divertidíssimos, tanto que destacarei alguns trechos em seguida.

O protagonista é Adão Flores, um detetive particular nada convencional. Gorducho e bonachão, mora com sua governanta, Renata, uma alemã solteirona que nutre uma paixonite secreta por ele. Todavia, a relação deles é somente profissional, já que Adão (embora não admita) é apaixonado por Diana Bandida, uma mulata que trabalha em casas noturnas, com quem tem uma noite de amor por ano, no dia 23 de dezembro mais precisamente (por opção dela, logo fica claro). Nos outros 364 dias mantém uma relação de amigos. Outro personagem importante é Lauro, jornalista que cobre casos policiais. Completa o time Bianca, dona de uma boate. Os cinco, juntos, tentarão resolver um caso intrigante.

No último ano, cinco milionários foram assassinados. Todos possuíam um único herdeiro, um (a) sobrinho (a). Os casos não possuem ligação aparente, mas logo surge a suspeita de que existe uma quadrilha especialista em apagar ricaços. Adão Flores resolve investigar, e aí a trama vai se desenvolvendo ao estilo Marcos Rey.

Passo agora a destacar os trechos que mencionei, com algumas observações minhas logo abaixo:

Esta conversa se passa no início, quando Adão, Lauro e Bianca estão conversando sobre o assassinato nº 5, aquele que lhes chamou a atenção para o caso:

- Mande, mas não acredito muito em criminosos geniais. Nesta série de crimes, por exemplo, com toda a certeza as vítimas e os suspeitos nem se conheciam. São casos isolados.

- O Sherlock Holmes é você, Adão.

- Não me compare àquele magrela, cheirador de pó, com vida sexual extremamente suspeita – disse Adão Flores – Vou dar uma olhadela nas reportagens, depois lhe digo qualquer coisa (pág. 08).

Aqui temos algo mais comum do que se poderia pensar: uma menção nada honrosa a Sherlock Holmes. A própria Agatha Christie já recorreu a este expediente, numa fala de Hercule Poirot. Recebeu inúmeras cartas de fãs de Conan Doyle exigindo retratação, pois não admitiam que Holmes fosse insultado. Agatha explicou que não era ela quem pensava as coisas que Poirot havia dito, e sim o próprio Poirot. Não adiantou.

Sherlock Holmes é o maior detetive da ficção de todos os tempos, e quem está dizendo isso é um aficionado pela obra da Agatha Christie e igualmente fã de Hercule Poirot. Mas não dá para comparar, até porque Holmes é mais antigo e muitas características de Poirot são claramente inspiradas no detetive de Conan Doyle.

Dessa forma, o detetive referência para a grande maioria é Sherlock, e este recurso usado por Marcos Rey, o de ‘malhar’ Holmes, é bem comum. Me parece que é uma forma de mostrar que o detetive que está proferindo tais palavras (neste caso, Adão Flores) é original. Se o modelo é Sherlock Holmes, afaste-se do modelo. Foi o que fez Marcos Rey neste livro.

Adão Flores bebe como um gambá (enquanto Holmes usava ópio e cocaína), é gordo (Sherlock alto) e existem diversas referências à sua vida sexual com uma personagem da própria história (Diana Bandida). Já Holmes tinha uma grande desconfiança em relação às mulheres (exceção feita à Irene Adler, a quem se referia como ‘A mulher’) e há aqueles que insistem em dizer que a relação de Sherlock e Watson era mais que de amizade (mesmo Watson sendo casado e Sherlock o tratando mal várias vezes).

A propósito, Marcos Rey é grande fã de Sherlock Holmes. Todo o livro é permeado por referências à obra de Conan Doyle. Nunca me esquecerei de um prefácio que Marcos Rey escreveu para “O Cão dos Baskerville”. É impossível não ler esta obra após ler o que Rey escreveu sobre, o que torna claro que todas as menções a Holmes, ainda que não elogiosas, são uma homenagem. Próximo diálogo:

- Gostei do seu ‘mas’ – louvou Adão – porém acho que, para um ex-plebeu como James, lua-de-mel em Roma é muita coisa. Por que não Guarujá ou Búzios?

- Há mulheres que se impressionam com distâncias internacionais. Amor muitas vezes tem a ver com quilometragem. (pág. 13)

Uma análise nada romântica sobre o amor. E machista.

São Paulo nos feriadões parece o day after de uma guerra atômica. Milhões a abandonam rumo às praias, montanhas e campos. Tudo que possui rodas corre pelas estradas, inclusive bicicletas, velocípedes e carros de rolimãs. São fugitivos, não viajantes, envolvidos numa corrida mortal. (pág. 15).

Uma das marcas de Marcos Rey é o retrato que faz de São Paulo e de seus habitantes, com o arguto olhar de cronista, cidade pela qual é apaixonado. Todos os seus livros se passam nesta metrópole. Embora apaixonado, não a poupa das críticas, como vemos por este trecho.

- Você é sempre o mesmo gordo amoral. Na sua idade já devia ter sossegado. Nunca se casou, Adão?

- Cheguei perto. Uma vez gostei tanto de uma taquigrafa que lhe comprei um casaco de peles. Mas não deu. Ela era lambdacista.

- O que é isso? Religião?

- Pessoa que repete muito o L ou o troca pelo R. Lambdacismo. Está no Aurélio.

- Não tinha cura?

- Chegou a superar isso, mas passou a trocar o R pelo L. (pág. 165/166)

A justificativa mais irônica que já ouvi para um cara nunca ter se casado.

Em seguida, uma das melhores passagens do livro. Adão e Diana estão no quarto dela. Diana reclama do calor:

- Você se magoaria se eu tirasse a roupa?

- Acho que não. Pode tirar. Não reparo, embora moralista.

Diana ergueu-se e sem trilha sonora de strip-tease ficou de calcinhas e sutiã.

- Acha que ainda estou em forma, Flores?

Saiu fumaça dos ouvidos e Narinas de Adão (hahaha), mas ela não percebeu. O visitante, embora sufocado, pôde pronunciar algumas palavras.

- Ainda está com muito pano, não dá para emitir uma opinião honesta.

Ela tirou o sutiã e jogou para o ar com a graça que dava a todos os seus movimentos.

- Já dá?

- Melhorou, mas este obstáculo industrial no baixo ventre dificulta meu julgamento.

Concordando, Diana se desfez agilmente da peça derradeira do vestuário e retomou o copo para um gole mais longo.

- Pena que não é 23 de dezembro – ela disse, sincera.

- Hoje é 23 de dezembro – corrigiu o reformulador de calendários Adão Flores, levantando-se e começando a tirar impetuosamente a roupa.

Diana deve ter pensado em resistir, mas um touro ainda em cuecas (hahaha) avançou sobre ela e a derrubou na cama. Animalesco. (pág. 164)

Último diálogo que transcrevo. Adão, Renata e Lauro estão conversando sobre um acontecimento que prejudicou a quadrilha de criminosos:

- À esta altura devem estar preocupados com James Brady Donaldson.

- E com muito ódio de Adão Flores – lembrou a fräulein – Tenha cuidado, patrão.

- Como é possível ter cuidado com inimigos invisíveis? Devo pôr tudo nas mãos de Deus.

- Mas você não acredita em Deus.

- Isso que complica tudo, Renata. (pág. 145).

Muito irônico esse Adão Flores! Me fez lembrar de quantas expressões religiosas existem e que a gente cresce ouvindo, a ponto de repeti-las sem ser religioso. Pretendo procurar informações sobre o tema na área da Lingüística.

Diálogos de Lola

     Coincidentemente após eu publicar a primeira parte do texto sobre religião, a Lola postou um dos hilários diálogos entre ela e o maridão, que transcrevo a seguir. Disponível em escrevalolaescreva, blog que recomendo:

Eu: Não te contei o que aconteceu. Eu tava voltando pra casa andando e fui atravessar a rua perto da igreja, sabe? Aí um motoqueiro quase me atropelou. Ele não tava olhando pra mim ou pra rua, esses detalhes. Sabe o quê ele tava olhando?
Ele: O quê?
Eu: A igreja! E ele tava dirigindo com uma mão só. Com a outra ele fazia o sinal da cruz. Porque saudar um ser invisível e possivelmente imaginário é mais relevante que se importar com a pessoa bem na frente dele.
Ele: Viu? E vocês dois sobreviveram, graças a deus!
Eu: Mas se ele estivesse olhando pra rua, e não pra igreja, ele...
Ele (interrompendo): Aleluia, irmã! 

Que beléza!

     "Amor, você entendeu a pergunta?"

     Impossível não rir.

     (colaboração do douto Vinícius).

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Eu e a religião - parte I


Hoje estou aqui para falar de um assunto bem polêmico: religião.

De início já deixo minha posição bem clara, pois este não é um texto imparcial (como se existisse!): não acredito em vida após a morte, não acredito em criacionismo. Sobre a existência de uma força superior (ou Deus) tenho minhas dúvidas, daí eu não me considerar ateu, pois ateu é aquele que tem certeza de que Deus não existe.

Esclareço também que não pretendo convencer ninguém (ao contrário do que fazem comigo), não quero converter os que me cercam à descrença. Tampouco quero ofender os religiosos, não entendam assim as ironias que permeiam o texto, é meu estilo.

Volto à minha infância e lembro-me da minha mãe me obrigando a ir à catequese (o nome por si só já não me agrada, me faz pensar nos índios sendo catequizados pelos europeus). Eu nunca funcionei muito bem com obrigações, o que já dava um indício do que estaria por vir. Aquela hora que eu passava trancado numa sala de aula com outras crianças, orientado por uma professora desorientada, não faziam o menor sentido para mim. Ela falava de coisas vagas e distantes e não tinha domínio do assunto; ficava claro, até para uma criança, que ela estava repetindo conceitos de um livro que sequer entendia, e sem parar para refletir sobre eles.

Para mim a gota d´água foi quando, após uma “aula” sobre o amor ao próximo, eu me desentendi com uma menina da minha sala. A menina quis bater em mim (essas crianças!) e eu, ao tentar me defender, empurrei-a. Ela caiu e sangrou. Aquilo me fez ter a certeza de que o tempo que passáramos copiando o texto do quadro negro e repetindo salmos e orações não servira absolutamente para nada. Então dei fim no meu caderno de catequese e disse para minha mãe que por isso seria impossível continuar freqüentando as “aulas” (havia a exigência de que os alunos tivessem um caderno e que estes estivessem completos. Quem não seguisse esta regra não poderia assistir às aulas).

Mas minha mãe não se deu por vencida. Continuava me obrigando a ir à missa. Lembro como se fosse hoje do meu desespero nessas ocasiões. Durante as missas eu sentia frio, fome, sono, era impressionante como meu corpo externava minha contrariedade. A única parte da missa em que eu repetia o que dizia o roteiro (sempre achei essa prática sem sentido, alguém lá na frente dizendo frases pré-estabelecidas e a platéia respondendo com outras) com enorme satisfação era quando o padre dizia que a missa acabara e tínhamos de responder “graças a Deus”.

Mesmo sendo uma criança (eu devia ter uns 9 anos), durante as missas eu já percebia certos comportamentos das pessoas que me desagradavam. Em primeiro lugar, a igreja era o lugar para as pessoas mostrarem as roupas que tinham (coisa de cidade pequena, opções de lazer são raras, então quem comprou uma roupa nova tem de exibi-la na missa). Coitado daquele que fosse mal vestido para a missa! Era apontado sem o menor pudor. Outra coisa que me incomodava era a fofoca. Não eram raros os comentários do gênero “olha ali o fulano, trai a mulher e domingo tá aqui com a família toda, querendo se passar por santo”; “a beltrana teria que assistir a umas 10 missas por dia para pagar todos os seus pecados” e assim por diante. Minutos depois, chegava aquela parte da ‘paz de Cristo’, e então eram apertos de mãos e abraços como se todos se amassem, uma hipocrisia bonita de se ver.

Já deu para perceber que eu não nutria grande simpatia pela igreja católica e por suas práticas (mas que fique claro: meu “problema” é com toda e qualquer religião). Mas pioraria. Em breve eu tomaria gosto pela leitura. Aos 8 anos li uma série de livros infantis que falava sobre a ciência, o universo etc. Aos 10 li um livro da série vaga-lume (ô saudade) para minha irmã poder fazer um trabalho da escola. Aos 11 descobri Monteiro Lobato. E aos 12 eu já lia Agatha Christie.

Com a leitura vieram o senso crítico e a capacidade de pensar por mim mesmo. Quanto mais eu crescia e lia, mais furos encontrava no que os religiosos à minha volta me diziam. Começava ali um caminho sem volta (embora 11 entre 10 religiosos me digam que um dia terei meu momento de revelação e deixarei Jesus entrar em meu coração), que certamente conduzirá minha alma ao inferno, não importam quais sejam minhas atitudes em vida, afinal “o maior pecado é não crer”, “de nada valem boas obras sem fé”.

Após esta introdução, divido com vocês algumas reflexões que me acompanham desde que me dou por gente (sorte que hoje em dia não podem me atirar à fogueira!):

P.S de 24 de julho de 2014:

É incrível como as coisas mudam. Hoje eu releio alguns desses textos em que eu falo da minha experiência com as religiões e repenso muito. Acho umas passagens bobinhas, outras agressivas. Até passa pela cabeça apagar. Mas, refletindo melhor, vejo que é bom deixar assim. Esses textos foram muito importantes no meu processo de "sair do armário". Não foi fácil me aceitar como ateu, durante muito tempo senti uma culpa monstruosa. Você cresce ouvindo que deus te ama, faz tudo por você, e você ainda tem coragem de duvidar dele? Me perdoem se esses textos em algum momento soam agressivos. Nessa época eu vivia cercado por pessoas muito religiosas que, sem perceber, me oprimiam. Tais textos, portanto, foram meu grito de rebeldia, de libertação. 

Felizmente isso passou. Hoje sou ateu sem culpa, numa boa. 

Aproveito para esclarecer alguns pontos:

1-Eu não acho que as pessoas religiosas são burras. Já conheci/conheço muita gente com quem fico um tempão falando de religião, pois essas pessoas me fascinam com seu conhecimento e inteligência. Existe, sim, uma tendência das pessoas saírem repetindo por aí tudo aquilo que aprenderam desde criança, coisas que os pais e o padre/pastor falaram, sem refletir muito a respeito. Isso não é fé, é crendice. Mas também existem as pessoas que leram muito, pesquisaram pra caramba e têm sua fé por opção, porque lhes faz bem. Nesses casos, a fé é libertadora. Toda a minha admiração por essas pessoas.

2-Acho que a ciência pode e deve ser questionada. Moralmente falando. A ciência não é algo intocável, acima do bem e do mal. Tal qual a religião, pode ser usada para fins nobres ou não. Exemplificando: se a ciência descobre que é possível a clonagem humana, não é por isso que vamos começar a clonar o ser humano. Tal medida teria muitas implicações morais, que precisam ser debatidas.

3-Que o ceticismo não embote nossa imaginação. Que consigamos cogitar a existência de coisas das quais não temos provas sobre a existência. Por uma visão menos positivista das ciências.

4-Às vezes me parece sem sentido a oposição religião x ciência. Elas trabalham em campos diferentes. Para muitas pessoas, a religião é o único antídoto contra a angústia da existência, para a certeza da morte. Imaginem a cena: um velório, as pessoas chorando em volta do caixão, chega alguém e diz: "não fiquem assim, na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma. Este corpo é um amontoado de células que não mais se reproduzirão". Apesar de verdade, seria de uma insensibilidade tamanha. 












quinta-feira, 26 de maio de 2011

Rainbow

     Recentemente um amigo me sugeriu uma banda, e adorei: Rainbow.

     Não foi uma banda qualquer, já que em seu quadro tinha Blackmore (ex Deep Purple) e Dio (ex Black Sabbath). Se você não conhece, sugiro que conheça. Deixo-os com aquela que tem sido a música que ouço pelo menos umas duas vezes por dia, Long Live Rock n´ roll:

sábado, 21 de maio de 2011

Crônica de um jovem

O Empório ainda vive!

Fazia muito tempo que eu não caía na noite. A maior razão é a minha velhice precoce mesmo, mas conta também o fato de que não existem muitas opções do meu agrado aqui em Ponta Grossa (que, para os que não a conhecem, é uma cidade dominada pelo sertanejo).

O Empório era uma das poucas casas noturnas de que eu gostava. Uso os verbos no passado porque eu parei de sair e (não sei se causa ou conseqüência) nunca mais havia tido algo lá que me interessasse. Nos últimos tempos em que eu passava lá na frente sempre estava fechado ou tendo algo que não me agrada.

Até que ontem um grande amigo me ligou dizendo que teria um cover do Metallica lá. Isso, somado ao fato de que fazia tempo que eu não saía (naquele tempo o Palmeiras ainda ganhava títulos, vai vendo...), me animou. Foi como resgatar o jovem que ainda habita aqui dentro.

Fiquei espantado pela quantidade de pessoas que foram prestigiar o evento! Na minha época esses covers de rock passavam quase que despercebidos, o gênero não faz muito sucesso por aqui. O Empório estava quase lotado. E certamente os que lá estiveram não se arrependeram.

Começo falando da banda que abriu o show, chamada Westhill, se a memória não me prega uma peça. Os caras mandaram muito bem! Tanto que depois o vocalista do cover do Metallica pediu uma salva de palmas para eles.

O som deles foi redondinho, não tinha ninguém na banda que desafinasse. O repertório incluía Motorhead, Deep Purple, Kansas, Ozzy, Kiss, Rainbow e ainda muita coisa que eu não conhecia. O ponto alto do show deles foi quando tocaram Ace of  Spades, do Motor. O Empório quase veio abaixo, formou-se uma roda punk. Eu rolei de rir com um gordinho que estava ao meu lado. Antes da banda começar Ace Spades ele estava indignado, xingando Deus e o mundo, mandando a banda embora, pois tinha ido para ouvir Metallica. Quando começou a música ele se transformou, pirou, foi até o chão (não é força de expressão, o cara foi até o chão mesmo chacoalhando a cabeça). Dá-lhe coerência!

A parte que eu mais gostei foi quando o baixista se dirigiu ao público dizendo: “Vocês gostam de Ozzy?” e, sem esperar resposta, começou No More Tears. Nessa eu pirei! E ali ficou claro que a banda era muito boa mesmo, tocaram a música inteira, fielmente, sem nenhum erro, o que não é fácil, até pelos efeitos de teclado que a melodia tem.

O Westhill terminou sua apresentação lá por 1:30, e aí veio a palhaçada. Foi quase uma hora e meia de espera até entrar o “Metallica”. Por que essa demora? Boa parte do público foi embora, não agüentou esperar. Neste intervalo o sono bateu e eu, como um bom senhor de idade, tirei um cochilo.

O “Metallica” abriu com uma música que eu não conhecia, mas que fiquei querendo conhecer, uma porrada bem ao estilo deles. Em seguida tocaram Master of Pumpets (mas não inteira) e emendaram com Seek and Destroy. O público, claro, foi ao delírio, porém eu não gostei, não sei dizer ao certo o que faltou ou sobrou, mas ficou longe da original. Para mim o ponto alto foi quando tocaram Whiskey in the Jar, já que é uma das músicas preferidas minha e de meus amigos. Após, veio Sad But True, e já dá para imaginar nosso êxtase.

Enfim, a noite foi ótima, foi muito bom sair com amigos tão queridos e se sentir jovem novamente. Que venha o próximo cover de rock n´ roll!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

"Sou foda" versão heavy metal

     Sabe aquela música detestável "Sou foda"? Achei a versão que me agradou.


     Eu ri litros.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Transcrição

    "Nunca antes tivemos tanta liberdade, informação e consumo, em termos gerais. Mas o que temos feito disso? A liberdade se confunde facilmente com o egoísmo, com a exaltação publicitária do “eu faço o que quiser” e o medo de assumir compromissos. A informação não produz cidadãos mais conscientes e debates melhores, pois poucos se interessam por ideias gerais e pelo que aconteceu antes de nascerem. O consumo se torna patologia, em que sempre se olha para o que não se tem, ou seja, para o que o outro tem, mesmo que não haja a menor necessidade de ter aquilo. Com tanta valorização do dinheiro e da aparência, fica mais difícil encontrar amizade e amor verdadeiros, que dependem da confiança no outro em momentos difíceis; e se deterioram rapidamente a arte da conversa e o gosto pela leitura, sem os quais é difícil vencer a imaturidade. Em uma frase, o humanismo tem sido atropelado por nossa vida acelerada.

       (...)

      Como disse o escritor Pedro Bandeira, o brasileiro dá mais valor a um tênis do que a um livro. Afinal, está disposto a pagar R$ 300 pelo primeiro, mas diz que R$ 40 pelo segundo é caro – assim como diz que não tem tempo para ler, mas passa horas e horas diante da TV ou nas redes virtuais. A capacidade de concentração está em declínio; muitas coisas são feitas ao mesmo tempo, nenhuma com a devida consistência. Exibir vale mais que saber.

       Outra consequência desse mundo cada vez mais frívolo se mostra em ambientes de trabalho de todos os tipos. De olho nas promoções e nos bônus, passar o colega para trás começou a ser atitude elogiável, assim como trabalhar mais horas, mesmo que em prejuízo da vida familiar e do ócio. Funcionários dão aos clientes a desculpa de que “o sistema não permite”, incapazes de contestar essas ordens para não ser acusados de não ter “inteligência emocional”. Nas ruas das grandes cidades, a gentileza vai sarjeta abaixo; SUVs fazem uma luta darwinista pela sobrevivência do mais caro. Mulheres optam pelo papel de bonequinhas de ricaços, e há mais e mais estilistas para vesti-las e cirurgiões para repuxá-las. Jovens vivem com os pais até quase os 40 anos, enfileirando cursos e bicos para adiar a responsabilidade de uma carreira decente e continuando a se vestir do mesmo jeito. Crianças dizem que seu sonho é serem famosas, não importa em quê ou como.

       (Daniel Piza, em sua coluna semanal no Estadão, "Sinopse").

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Tela Alternativa

       Ontem, pela primeira vez, fui ao famoso Tela Alternativa, lá no Cine Teatro Ópera.

     Para quem não sabe, o Tela começou como uma sequência de um projeto de extensão da UEPG. Consiste basicamente na apresentação de filmes e discussões sobre os mesmos. Antes do filme começar, o mediador fala brevemente sobre ele, situando-o na história do cinema, a época em que foi produzido, o elenco, o roteiro, o diretor etc.

     Ontem passou "Testemunha de Acusação", baseado na obra da Agatha Christie. Muito bom! Não falarei sobre o filme porque isso implicaria em falar sobre a obra da Rainha do Crime, e ela merece um post próprio.

      Para quem gosta de cinema e de boas discussões, é um ótimo programa. Fica a dica (como me irrita essa expressão rs). 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A Revolução dos Bichos


Terminei de ler ontem “A Revolução dos Bichos”, do George Orwell. Excelente!

É uma leitura muito gostosa. Em primeiro lugar, contraria aquela idéia de que clássico precisa ser um livro de mil páginas. Este não chega a cem (e isso porque eu li uma edição de bolso). Li em duas pegadas.

Conta a história de uma fazenda, cujos bichos são maltratados por seu dono. Certo dia os animais, cansados de sofrer, resolvem fazer a revolução. Expulsam os humanos do lugar e começam eles próprios a gerir suas vidas.

No começo tudo é ótimo. Trabalham menos, comem mais e melhor, não são açoitados etc. São estabelecidas as sete leis do ‘animalismo’, entre elas a de que todos os animais são iguais.

Contudo, com o passar do tempo, as diferenças entre os bichos se tornam evidentes. Os porcos, os mais inteligentes e por isso os líderes, começam a ter regalias e a explorar os outros. Passam a descumprir as leis criadas pela revolução em benefício próprio, tudo por meio de uma lavagem cerebral nos outros animais.

Quando os outros bichos começam a desconfiar que estão sendo enganados, entra em ação a propaganda oficial do novo regime. Qualquer ação dos porcos que fosse contestada era respondida com um “você quer que os humanos voltem?”.

Mais adiante, temerosos de que apenas a lavagem cerebral não baste, os porcos apelam para violência. A passagem mais marcante do livro é a da execução sumária de vários animais, em público, por terem “traído a revolução”.

Como se pode perceber, a história é uma crítica ao socialismo, e às ditaduras em geral. Mostra como é fácil induzir uma nação a cometer as maiores loucuras, basta uma propaganda prometendo uma vida melhor e inventar um inimigo comum (neste caso, os humanos). Lembrei da Alemanha nazista.