quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Reflexões sobre política

     No blog na Cynara Menezes está aberta uma enquete assim: o que o governo Dilma precisa fazer para ser de esquerda? Existem várias opções, mas não é isso que quero discutir aqui.

     Tal pergunta reavivou antigas reflexões sobre política. Para ser sucinto, a questão é: quanto a política partidária deve ter de pragmatismo e quanto de idealismo?

     Pensei nisso porque, num primeiro momento, pode parecer estranho dizer que um governo que deu continuidade aos programas sociais, de facilitação de acesso ao ensino superior e que enfrentou os bancos ao impor a queda de juros (por meio dos bancos públicos) etc não é um governo de esquerda. 

     Por outro lado, as opções de resposta que a Cynara dá revelam o quanto o governo poderia fazer em certas áreas e não faz, receoso de desagradar setores poderosos da sociedade. Por que não criminalizar a homofobia? Porque religiosos conservadores são contra. Por que tão poucas desapropriações em 2011 e 2012? Por que não criar o imposto sobre grandes fortunas? Enfim, são perguntas retóricas. Para cada uma, a resposta é que determinado grupo poderoso é contra.

     O pragmatismo do PT é o que explica o sucesso nas últimas três eleições presidenciais. Lembram do Lulinha paz e amor em 2002? Era preciso acalmar o mercado e tornar viável a candidatura petista. E tem sido assim desde então: não radicalizar para não sair do poder.

     Isso está umbilicalmente ligado à questão do financiamento das campanhas eleitorais, que, como sabemos, movimentam milhões e milhões. Nenhum partido pode prescindir desse dinheiro. Não se faz campanha sem dinheiro. E o dinheiro vem daqueles grupos poderosos que teriam convulsões caso se aprovasse o imposto sobre grandes fortunas, por exemplo.

     Sei que seria ingenuidade governar com a mentalidade do "vamos botar pra quebrar, vamos implementar tudo aquilo que julgamos necessário para uma sociedade mais justa". Não duraria um mandato (eu ia dizer que não se reelegeria, mas alguém duvida que um governo de extrema esquerda sofreria um golpe?).

     Tenho colegas petistas que não gostam quando digo o que vou dizer, mas diante de tudo o que eu falei, não tenho dúvidas em afirmar que o PSOL é um partido que me agrada muito mais. Ele lembra, inclusive, o PT de 20 anos atrás. 

     E é aí que entra o dilema: pragmatismo x idealismo. Não há dúvidas de que no PSOL há muito mais idealistas que no PT. Acho lindo! De igual forma, não há dúvidas de que o PSOL dificilmente chegará um dia ao poder, diante da maneira de se fazer política. Para ficar apenas na questão já mencionada: quem financiaria uma campanha de milhões e milhões do PSOL ou qualquer outro partido de esquerda?

     Retifico: pode ser que um dia um partido como o PSOL chegue ao poder. Desde que as coisas mudem. Ou o jeito de se fazer política ou o próprio partido. Se for a segunda opção, nada muda. 

     Por mais idealista que eu seja, não vou ficar aqui criticando o PT por não ser o sonho da esquerda. São as regras do jogo, infelizmente. Aliança com o PMDB, com o Maluf, com o Sarney etc. Dói ver essas coisas. Mas qual a opção que temos? Deixar o PSDB voltar ao Palácio do Planalto? Never forever!

     Vai, Dilma!

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