segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Sobre campanhas políticas

     Compartilho com vocês um texto que um amigo publicou no Facebook, sobre campanhas políticas.


     Certa vez um amigo decidiu ser candidato à câmara de vereadores de uma pequena cidade no interior do Paraná. Como eu o conhecia muito bem, posso afirmar que ele era e continua sendo uma das pessoas mais corretas e honestas que já conheci em toda a minha vida. Em sua tentativa de se tornar vereador, ele não abandonou os seus princípios morais e éticos e fundamentou a sua campanha politica nesses mesmos princípios. 


     Visitando casa por casa, família por família, ele apresentava diariamente aos cidadãos os seus brilhantes projetos e idéias para melhoria da qualidade de vida das pessoas de seu município. Entretanto, em um sem número de casas, após apresentar os seus projetos e argumentos politicos, o candidato honesto sempre ouvia a mesma coisa: " Mas o que é que vc pode me dar? o candidato x pagou a minha conta de luz e deu um tanque de gasolina pro meu filho". Ao que o meu amigo sempre respondia: "Me desculpe, mas estou fazendo uma campanha diferente das outras. Uma campanha baseada na honestidade. Não posso dar alguma coisa em troca de seu voto. Ofereço apenas as minhas propostas". 

     O candidato, decepcionado, retornava à sua casa consciente de que dificilmente seria eleito. Não com tanta corrupção... Essa história do meu amigo ilustra muito bem a corrida eleitoral de nossa região e até mesmo de nosso país. As eleições são decididas por dinheiro. Quem tem mais, possui maiores chances de se eleger! mas por quê? lógicamente a resposta é a corrupção. E é justamente nas eleições municipais que a presenciamos de uma forma mais íntima. Ela não mais está representada pelo corrupto do mensalão sendo julgado em Brasilia. 

     Não. A corrupção está aqui, na minha rua, no meu bairro, na minha cidade. E não estou falando dos candidatos, mas sim da sociedade, representada, neste caso, pelos eleitores! o eleitor corrupto elege um politico corrupto! Mas, apesar de triste, essa cena também não pode ser reprovada sem uma maior análise. Quem é a figura do eleitor médio brasileiro? alguém com terceiro grau e estabilizado financeiramente? com toda certeza não! para o eleitor médio brasileiro, aquele que tem a missão de sutentar a sua família fazendo peripécias com o salário mínimo que recebe mensalmente, o ano eleitoraL é, na verdade, uma grande oportunidade para "sair do vermelho" ou "ganhar uma folga" (OBTER VANTAGENS).

     Por isso, não culpo quem vende o voto por uma dentadura ou uma panela, pois, em tal situação, já está implicíto que a pessoa passa por grandes privações. Afinal, uma pessoa abastada não venderia seu voto por tão pouco. Considerando essas questões, e ainda a equação ELEITOR CORRUPTO = ADMINISTRADOR CORRUPTO, me parece muito claro que não teremos governantes probos sem antes MUDAR A SOCIEDADE. Torná-la menos corrompível! E como isso acontece? como se muda uma sociedade? não vejo outra forma para isso que não o INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO! Enquanto isso NÃO CORRER, invitávelmente as propostas de campanha e ideologias politicas continuarão a não fazer parte do jogo político ou, no máximo, serão questões secundárias de um jogo onde o dinheiro manda. Há quatro anos o meu amigo, o canditado honesto, não conseguiu se eleger vereador em sua cidade. Atualmente ele é candidato a prefeito, mas certamente continua a sair decepcionado das casas em que visita durante a corrida eleitoral.


Maurício Soldi é advogado.


     Por isso que digo e repito: financiamento público de campanhas políticas é medida que urge ser concretizada. Enquanto isso não ocorrer, os políticos, na maior parte, continuarão defendendo os interesses daqueles que financiaram suas campanhas, e não do povo que o elegeu. 

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