Há muito tempo venho querendo escrever
um texto sobre o Guns. O que me impedia – além da preguiça – é que gosto de
tratar dos assuntos com um mínimo de racionalidade, e em se tratando de Guns
n´Roses isso é meio difícil para mim, já que se trata de paixão, paixão antiga,
paixão adolescente. É óbvio que neutralidade não existe em se tratando de seres
humanos, o que há são tentativas de imparcialidade. Mas nem essa tentativa
farei.
O Guns é algo como o Corinthians: não
existe meio termo. As pessoas amam ou odeiam. Até hoje não conheci alguém que dissesse:
“ah, Guns é legal”, de forma indiferente. Conheci muita gente que diz: “Guns?
Odeio!”, e só falta cuspir no chão.
Para começo de conversa, se eu não
tivesse conhecido o Guns um dia, não gostaria de rock, quiçá de música. Gosto
de dezenas de bandas, mas não teria chegado a elas se não fosse o Guns. Assim
como para muitas pessoas da minha idade, o Guns foi a porta de entrada para
mim.
Tudo começou quando eu tinha 15 anos.
Claro que não foi essa a primeira vez que ouvi Guns, lembro-me vagamente de
tocarem suas músicas na rádio quando eu tinha uns 04, 05 anos. Minha irmã tinha
um DVD deles (o famoso Live in Tokyo de 1992). Um dia peguei para assistir e
gostei tanto que passei umas duas semanas vendo todo dia, mais de uma vez por
dia. Daí em diante foi um pulo para fazer tudo o que fã faz: procurar conhecer
todos os álbuns, todas as traduções de músicas, os clips, as curiosidades, a
biografia etc.
O tempo passou, a paixão arrefeceu,
outras bandas surgiram na minha vida, tive outras paixonites. Mas nada será
como o Guns. Jamais. Por uma razão muito simples: eu nunca mais terei 15 anos
de novo. Não terei mais a leveza da idade, a irresponsabilidade, as descobertas
da adolescência. E é isso que determina a intensidade da sua relação com
qualquer coisa. A gente nunca se apaixonará da mesma forma que se apaixonava
naquela idade.
Após essa breve introdução, vamos
àquelas perguntas de praxe: qual seu álbum favorito? A formação favorita? As músicas
preferidas?
Imagino que seja quase unânime a
resposta à primeira pergunta: Appetite for Destruction. Tanto pela quantidade
de músicas fodásticas quanto pela qualidade destas (tal qual o Paranoid, do
Black Sabbath, parece mais uma coletânea, não um álbum, de tanta música boa que
tem).
Minha formação favorita é quase a
original, só trocando o Steven Adler pelo Matt Sorum.
E agora chega aquele ponto crítico:
escolher a música predileta. Obviamente, isso é impossível. Escolhendo as 10
preferidas ainda fica difícil, mas vamos lá:
1-
Nightrain
(Appetite)
2-
November
Rain (Illusion 1)
3-
Estranged
(Illusion 2)
4-
You
Could be Mine (Illusion 2)
5-
Sweet
Child O´Mine (Appetite)
6-
14
Years (Illusion 2)
7-
Chinese
Democrac y (Chinese)
8-
Civil
War (Illusion 2)
9-
It´s
so Easy (Appetite)
10-
Used
to Love Her (Lies)
E você? Qual seria o seu top 10? Que
música você não perdoa não estar neste top 10?
Foi fácil escolher as 5 primeiras.
Elas continuarão nesta lista daqui a 50 anos. Faço essa observação porque com
música tem muito aquilo de escolher a preferência do momento, em cada época
temos uma preferência diferente. Já tive paixonites por diversas músicas do
Guns, se eu fosse listá-las aqui, ficaria um top 20. Logo, não estou muito
convicto quanto à escolha das 5 últimas, tem umas 12 músicas concorrendo por
essas 5 vagas.
Ao iniciar a lista, procurei ser
‘justo’ com os álbuns, equilibrar a quantidade de músicas de cada um na lista.
Mas não dá. Por exemplo: ainda que eu adore Move to the City (que seria mais
uma representante do Lies), não tem como colocá-la e deixar de fora outras de
que gosto mais, como Welcome to the Jungle, Out ta get Me, Rocket Queen, Think
About You, Bad Obsession, Pretty Tied Up, Get in the Ring, Locomotive, Paradise
City, Mr. Browstone, Better, Catcher In The Rye. Qualquer dessas poderia ocupar os
últimos 05 lugares da lista acima.
Parece contraditório eu dizer que o
meu álbum preferido é o Appetite e no meu top 10 ter mais músicas dos Use Your
Illusion. Mas não é. Escolho o Appetite pelo conjunto da obra. Com os Ilussions
é 7 ou 70: a maioria das minhas músicas preferidas está ali. Porém, das outras
eu mal lembro o nome, ao passo que no Appetite eu acho que sei até a ordem das
músicas, não tem uma ruim ali.
Vocês já devem ter percebido que eu
não mencionei o Spaghetti. Não é um lapso. É que não gosto mesmo. Ou, em outras
palavras, para ser mais exato: eu mal o conheço. Não consigo citar 4 músicas de
cabeça. Escutei-o uma única vez na vida, e quando terminou ficou um vazio,
porque não teve uma música que me chamasse a atenção. Quando penso na
discografia do Guns, eu, sem perceber, pulo o Spaghetti.
Para encerrar, devo falar sobre o Axl.
No começo, não ia muito com a fuça dele. Tive minha fase de “Axl é um babaca”.
Ele cometeu alguns erros, sem dúvida. Seu egocentrismo fez com que a banda
acabasse (eu adorei o Chinese Democracy, mas aquela formação não é Guns, é uma
tentativa de Guns). Mas eu aprendi a gostar dele.
Percebi isso a primeira vez que ouvi o
Velvet. Pensei: “nossa, que massa! Mas ta faltando alguma coisa”. Ele realmente
não é um doce de pessoa, não é cativante. Mas pergunto: Renato Russo era?
Cazuza era? Eram todos pessoas difíceis de se conviver, mas ninguém em sã
consciência prefere Legião sem R. R e Barão sem Cazuza. Que me perdoem os que
não gostam dele, mas para mim ele era a alma daquela bagaça.
PS – Após terminar o texto, fui dar
uma espiada no Spaghetti, ver se repensava algo. Acrescento, então, que New
Rose é bem legal. Tem Attitude também, mas essa não é do Guns. De toda forma,
vou ouvir este álbum novamente, será interessante “redescobrir” o Guns.
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