sexta-feira, 3 de junho de 2011

Eu e a religião - parte II

Em primeiro lugar, algo que sempre me deixou atônito é o número de religiões existentes. É de perder a conta! Tal fato me impede de acreditar em qualquer uma delas, pois a verdade é uma só. Explico.

Tomemos um exemplo bem simples: reencarnação e ressurreição. Milhões acreditam em uma, outros milhões acreditam na outra. Porém, - e se é que alguma delas existe – só uma pode ser verdade, a outra é conversa fiada. Percebem? Milhões de pessoas crêem em algo que não existe, passarão a vida toda numa ilusão. Correr o risco de passar a vida toda sendo enganado é demais para mim.

Já antevejo os que dirão: “não importa qual delas é verdade, basta que você acredite em uma e isso fará de você uma pessoa melhor e mais tranquila”. O velho argumento de que quem tem fé vive melhor, como se a verdade fosse um detalhe (sim, é impossível saber a verdade, mas deveríamos ao menos tentar, não?). Já escreveu Daniel Piza: “O senso crítico deve estar sempre presente, nem que seja para ser desarmado. Há muitas coisas que não podem ser explicadas, mas o esforço de compreensão e opinião é inerente ao homem e a única maneira de saber que há coisas que não podem ser inteiramente explicadas...”. E não é verdade que quem tem fé vive melhor. É uma opção que, como qualquer outra da vida, tem seus prós e contras. Conheço algumas pessoas atéias que vivem muito bem, e outras pessoas religiosas que não vivem tão bem assim; da mesma forma, o inverso é verdadeiro. Em suma, não é a religião que te fará uma pessoa feliz ou infeliz.

     Outra coisa que me incomoda no argumento é que ele é totalmente pragmático. “Tenho fé porque isso me faz bem”. É o argumento da conveniência! Desconsidera-se tudo o que for contrário àquela convicção em nome do próprio interesse. Já chegaram a insinuar a mim, quando eu passava por um momento difícil, que se eu tivesse fé aquilo não estaria acontecendo, e sugeriram: “por que você não passa a acreditar?”, como se uma crença fosse um remédio. Confesso que em certas passagens da minha vida me deu vontade de acreditar em algo superior, para que a tristeza do momento se fosse. Mas, sorry, não é assim que funciona. Ainda que em algum momento eu tenha considerado a hipótese (sempre quando estava emocionalmente abalado), quando penso racionalmente no assunto, não consigo. Aliás, o que percebo é que muitas pessoas vão em busca de uma religião no pior momento de suas vidas. Esta madrugada vi o depoimento de uma mulher (creio que era da Igreja Universal): “meu marido havia morrido, eu tinha perdido o emprego... enfim, minha vida tinha acabado, não tinha vontade de fazer nada. Até que procurei sua igreja, pastor. Hoje tenho uma vida maravilhosa!”. Aqui me soa claro que essa mulher precisava de ajuda psicológica, antes de qualquer coisa. Não são poucos os que vagam de religião para religião até encontrarem o que interpretam como fórmula mágica, e não são poucos os que absorvem só a parte conveniente da doutrina ou dizem seguir até 3 religiões. Nada contra alguém pinçar partes de várias religiões e formar seus próprios preceitos; o problema é se dizer praticante de todas essas religiões. 

(hoje este blog resolveu ser maroto e não obedece meus comandos quanto à formatação).

     

2 comentários:

  1. O único cara que dizia ser de todas as religiões, mas que eu admiro sem vergonha de dizer foi Gandhi.

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  2. José, revelo minha quase total ignorância sobre o pensamento do Ghandi. Sei que ele foi um homem bom, nada mais. Simpatizo com o pacifismo dele.

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