quarta-feira, 29 de junho de 2011

Eu e a religião - parte V


O que falta para a maioria das pessoas é educação, não religião. Educação em sentido amplo, desde ter pais presentes que passem aos filhos bons valores até aquela famosa educação da qual os políticos tanto falam em campanha. Os “pais presentes” a que me refiro, que fique claro, não são os mesmos que a direita cristã evoca quando diz que o mundo está uma baderna porque hoje em dia os pais não ensinam aos pimpolhos, por exemplo, que homossexualidade é doença, pouca vergonha, pecado etc.

Vide o genial Jair Bolsonaro, que afirma: “não corro o risco de ter um filho gay, pois sou um pai presente”. Aliás, o documentário a que estou assistindo derruba por terra este argumento. Os casos mostrados são de crianças que tiveram uma rígida educação religiosa e, mesmo assim, “optaram” pelo “pecado”. Tinham pais carinhosos e presentes, conheciam a bíblia profundamente. Como explicar a homossexualidade dessas pessoas?

Para muitos, faltam pais que ensinem que a essência é o que vale, não a aparência, que dinheiro não é tudo e, logo, você pode ter amigos e um amor sem ser rico, que seus sentimentos e caráter estão acima dos bens de consumo do momento. E é nessa parte que boa parte dos religiosos comete um grande equívoco: pensam que o ateu não tem princípios, valores, educação, já que não segue a bíblia, não ouve “a palavra”.

Religiões são doutrinas como tantas outras, nada além, e isso precisa ficar muito claro: você não precisa ser “temente a Deus” para saber que matar é errado e que sua palavra é sua honra, por exemplo. A educação que recebemos em casa e na escola são doutrinas igualmente válidas. Lembre-se de seus pais dizendo: “não pode comer na cama”, “não coma porcaria antes do almoço”, “não minta”, “peça desculpas” etc e ficará claro o quanto somos doutrinados desde cedo.

Lembro de recente reação que uma conhecida minha teve quando soube das minhas (falta de) convicções religiosas: “foram seus pais que te ensinaram isso?”, num tom reprovador e com um olhar que me deu medo. Interpretei como: “pobre rapaz, não teve uma educação adequada”. Isso quando não insinuam que sou um ingrato: “deus te fez um menino tão (série de elogios), como você pode duvidar dele?” ou então lamentam que um menino tão (mesma série de elogios) não seja um “servo do senhor”.   

2 comentários:

  1. Dawkins toma a fé como inimigo, e a tem combatido ao seu modo.

    Marcelo Gleiser, ateu crítico de ateus, diz que o verdadeiro "inimigo" não é a fé, e sim a ignorância.

    Já Stephen Hawking (s2) diz que o maior problema não é a fé, nem a ignorância. É a falsa sensação de conhecimento.

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  2. Creio que os três estão corretos. A fé pode estimular a ignorância, e, nesse sentido, é nociva. A ignorância, por si só, não é um inimigo, afinal somos ignorantes (e morreremos ignorantes) em tanta coisa. O que me assusta é quando a ignorância vem acompanhada de comodismo. Eu nunca vou me conformar com o fato de que não sei muitas coisas. Tem uma frase famosa que diz "trocaria tudo o que sei por metade do que desconheço". Quanto à falsa sensação de conhecimento... Essa é realmente complicada. Como comentamos outro dia, quanto mais se estuda um assunto, mais se vê que vc não sabe nada sobre ele. Levando-se a ferro e fogo a máxima, estaríamos condenados à ignorância. Muito complexo.

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