terça-feira, 28 de junho de 2011

Nas armadilhas da informação.


                Ontem li a coluna da Lúcia Guimarães no Estadão e fiquei com a pulga atrás da orelha.

                Ela escreve sobre como, na era da informação em que vivemos, a internet pode nos sonegar informações. Dá um exemplo (extraído do livro “A Bolha do Filtro: o que a internet está escondendo de você”, de Eli Pariser, autor norte americano) de deixar de queixo caído: ano passado, durante a crise do enorme vazamento de óleo da companhia British Petroleum, o autor pediu a duas pessoas que vivem na mesma região do país que googlassem “BP”. O primeiro resultado da pesquisa acusou o desastre ecológico. Todavia, a segunda busca deu como retorno informações sobre as ações da companhia e dicas financeiras.

                O texto continua e sigo perplexo: “outra experiência narrada por Pariser, um ex-diretor do MoveOn.org, o movimento à esquerda do espectro político americano que ajudou a mobilizar o voto pró-Obama, se passou no Facebook. Ele notou que seus amigos conservadores começaram a sumir das atualizações de suas páginas. Só recebia notícias de seus amigos politicamente liberais. O gigante da mídia social havia decidido que, por surfar em sites progressistas, Pariser devia “se afastar” da companhia de direitistas”.

                Ainda estou abismado com essas revelações. Nunca me passou pela cabeça que sites de buscas como Google e Yahoo pudessem omitir informações de seus usuários, “direcionando-os” para links que melhor atendam aos interesses de sabe-se-lá-quem. E creio que meu desconforto foi ainda maior porque, coincidentemente, estou lendo “1984”, do George Orwell, uma distopia sobre um Estado mais que totalitário, que tenta controlar até os pensamentos de seus cidadãos. Me veio à mente também o “Fortaleza Digital”, do Dan Brown, que, da mesma forma, trata da temática ‘Estado que controla (ou tenta) a vida das pessoas”.

                A gente se julga tão livre nos tempos de hoje, existem tantos meios de comunicação e tanta informação que nem conseguimos acompanhar direito. Olhamos para os chineses e pensamos: “pobrezinhos, vivem numa ditadura”. E, no entanto, não é lenda urbana aquela história de que a imprensa só divulga o que lhe interessa. Tempos atrás uma amiga estava numa praça e chegou uma equipe de TV querendo que ela desse sua opinião sobre a Páscoa, para uma reportagem comemorativa da data. Ela prontamente respondeu: “acho uma data sem sentido, puramente comercial, feita para vender chocolate”. O repórter olhou-a incrédulo e disse que ela não podia dizer isso, que se ela preferisse lhe dariam um papel com um texto para ela decorar e dizer em frente às câmeras. Ela não aceitou, mas a maioria das pessoas aceitaria, só para aparecer na TV.

                “Liberdaaaaade, liberdaaaaaade, abre as asas sobre nós...”

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